"Diário do Minho" 08/10/11
Sem diálogo, nem discussão pública, o Município de Braga optou por instalar no antigo edifício do Convento de S. Francisco a nova Pousada da Juventude.
Apesar de entender que há uma clara duplicação de custo (tendo em conta que esta infraestrutura poderia ocupar parte do novo GeNeRation), parece claro que não houve a preocupação em atender às condições de mobilidade dos futuros utentes, nem tão pouco fazer parte de uma estratégia concertada para revitalizar o centro. Prefere-se, pois, privilegiar uma zona em franca expansão urbana, para justificar o investimento.
Mas inserindo-nos na temática arqueológica, parece proveitoso que tenha havido (ainda que legalmente obrigatória) uma intervenção arqueológica na zona do convento, afim de perceber a história da ocupação daquele local e perceber se a estrutura a construir não colidia com os vestígios existentes.
Com esta intervenção arqueológica, a julgar pela peça jornalística do Diário do Minho, parece possível perceber que grande parte das estrtuturas afectas ao antigo convento parecem jazer em zonas hoje ocupadas pela Igreja de S. Jerónimo, bem como, provavelmente, na zona do adro e do caminho público.
É de especial relevo que se tenham encontrado fossas, alegadamente, do período calcolítico e que se tenham posto a descoberto grande parte das estruturas associadas ao convento do período visigótico.
Do ponto de vista arqueológico e do da valorização patrimonial, sai mais enriquecido o convento de S. Francisco, onde os estudos realizados propõem a recuperação de alguns elementos encontrados.
Por exemplo, a conduta de água que atravessa o Convento, dado ao seu bom estado de conservação, poderá ser reactivada, dando ao local uma paisagem cénica, mas de um quotidiano monástico.
E foram estudos realizados sem pressões de obras e cumprindo as normas legais vigentes (ainda que haja, inerente ao processo, a pressão do prazo de abertura da Pousada a tempo da CEJ2012).
Se pegarmos neste exemplo, podemos, facilmente, transportar a ideia para o caso Sete Fontes. Se houvesse estudos prévios que qualificassem a área e, inequivocamente, divulgassem o potencial arqueológico, patrimonial e ambiental da zona, então incrementar-se-ia o valor deste sítio. Não há aqui a necessidade de repor água nas caleiras, porque nas Sete Fontes a água circula e em abundância. Aí, corre-se contra o tempo, porque a legislação parece funcionar lentamente, porque existem pressões urbanísticas e de obras que teimam em desqualificar o sítio monumental.
Mas é motivo de regozijo saber que S. Francisco terá melhor sorte. Apenas gostaríamos que as visitas abertas ao público para conhecer as intervenções arqueológicas fossem a dias mais convenientes ao público e não à Segunda-Feira, em horário de expediente. Se houvesse um a melhor concertação de horários, a divulgação e aproximação à temática arqueológica e patrimonial podia ser maior e com mais afluência.
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