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14 de dezembro de 2012

Ainda Reconverter as Convertidas (3)

"Diário do Minho" 13/12/2012

Na sequência do debate sobre a Casa/Recolhimento das Convertidas, realizado no passado dia 27 de Novembro, muitas são as opiniões que têm vindo a público, referindo qual o melhor destino a dar àquele imóvel.

Se, por um lado, temos feito questão de publicar todas os artigos e sugestões, alienando-nos de as comentar, esta proposta da ASPA carece de alguma reflexão.

A ASPA refere que o destino mais realista é converter aquele espaço num núcleo museológico anexo ao Museu dos Biscaínhos. Só propõe isto quem não conhece a realidade dos museus de Portugal, afectos ao Instituto de Museus e Conservação, pois, neste momento, pouco dinheiro há para a manutenção dos espaços museológicos já instituídos, logo, fica de fora a hipótese de abrir nova dependência; O Secretário de Estado da Cultura não dispõe de verbas para novos projectos, pois está a estrangular as estruturas já existentes, pelo que esperar que a Casa das Convertidas seja uma dependência do Museu dos Biscaínhos é estar a condena-la à ruína;

O Museu dos Biscaínhos tem vindo a fazer um esforço para sobreviver à crise de visitantes, tendo em conta que o espaço é estático, não se transforma, nem seduz o público, há já vários anos.
Este tem sido o desafio da nova directora, Dr.ª Isabel Silva, abrindo o Museu a um novo paradigma, encerrado em si mesmo durante tantos anos;

As áreas do Museu dos Biscaínhos são completamente distintas das áreas da Casa das Convertidas, não se podendo antever ali um espaço expositivo, devido às reduzidas dimensões dos compartimentos. Contrariamente, no Museu dos Biscaínhos, as Salas e Salões proporcionam a exposição de vários objectos;

Olhar para as Convertidas como um espaço estático, sem interacção ou vivência, é ainda viver no século passado, onde reinava a cultura dos espaços museológicos onde se "via com os olhos"...hoje, a filosofia dos espaços museológicos é completamente diferente, tendo em conta que se pretende que o visitante interaja com o espaço e com os objectos;

Sente-se uma imensa resistência à Pousada da Juventude, como se os jovens fossem bichos-papões que entram num local para semear o caos e lançar a confusão ( e aqui, não se entenda que a JovemCoop defende a Pousada, mas sim a defesa do papel dos Jovens na sociedade). A pedagogia faz-se desde tenra idade e a sensibilização deve começar desde a infância. Querer falar só para adultos é esquecer outras etapas da vida de um ser humano, sobretudo na fase de aprendizagem. É esta visão selectiva e elitista que coloca a ASPA num fosso geracional, longe da realidade actual;

O facto de se propor um especialista concreto no período da arte do barroco quase sugere (impondo) que determinada pessoa, de créditos firmados, faça parte da equipa. Perguntamos nós, estará essa mesma pessoa disposta a trabalhar nessa equipa pluridisciplinar, completamente pro-bono, em prol da defesa isenta daquele património?

Concordamos com a ASPA na necessidade de se fazerem obras ligeiras no edificado. Havíamos afirmado, aquando do debate, precisamente  que os tectos, os chãos e paredes, apesar de já num estado crítico, ficaram ainda mais fragilizados com as obras de requalificação da Avenida Central.
Havíamos proposto que se fizessem intervenções na cobertura, por causa das infiltrações de água e se escorassem algumas divisões mais debilitadas, bem como fazer um atento levantamento das necessidade a nível dos pavimentos, para que não caiam repentinamente.

Mas reiteramos a ideia, mais do que a defesa do nosso ponto de vista, urge fazer uma intervenção nas Convertidas, requalificando-as, para que este monumento de interesse público não desapareça de vez.




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