"Diário do Minho" 07/01/2013
O texto publicado hoje no Diário do Minho reflecte uma opinião da JovemCoop, pela desconsideração sentida no ano em que Braga foi Capital Europeia da Juventude.
Pretende-se, com este texto, alertar para a falta de crédito que o Presidente do Município de Braga teve para com este evento, fazendo-nos acreditar que Braga foi Capital Europeia da Juventude não por vontade do Presidente, mas por vontade de outros elementos da sua equipa.
E não basta dizer que o apoio foi dado pela confiança e autonomia na equipa organizadora... era preciso que se acreditesse no projecto, traçando, em conjunto, as linhas de actuação e os objectivos a alcançar. Assim, as expectativas seriam realistas e não davam espaço a comentários desinformados.
O Presidente e a BragaCEJ2012
Braga foi a cidade escolhida para acolher o título de
Capital Europeia da Juventude no ano de 2012 (BragaCEJ2012), honra que deveria
ser impulso para os jovens acreditarem em si, no seu papel como agentes da
cidade, participando activamente na vida de Braga.
Se o balanço final converge na opinião de que o maior
“motor” da BragaCEJ2012 foram as associações e entidades que dinamizam jovens, seria
lícito pensar que tal dinamismo era fruto das políticas juvenis concertadas e
estruturantes do município de Braga.
Apesar do grande suporte financeiro da BragaCEJ2012 ter vindo
do Município de Braga, que adiantou faseadamente verbas para a sua
concretização, a mesma entidade não funcionou como o suporte basilar de uma
equipa, nem tão pouco como bálsamo anímico junto das associações.
Na verdade, a ausência do Presidente da Câmara Municipal de
Braga (CMB) , em muitas das acções da BragaCEJ2012, além do desrespeito para
com o trabalho da equipa que chefia, leva-nos a crer que Braga só obteve tal
reconhecimento graças à vontade de parte dos elementos do executivo camarário
(talvez com vontade de provar algo aos seniores do partido a que pertencem, ou
com real vontade de implementar uma nova forma de fazer política em Braga).
A ausência do presidente da CMB em momentos chave, como no
dia 07 de Janeiro, aquando da apresentação do Programa da BragaCEJ2012, ou no
dia 14, na cerimónia de abertura, parece sintomática de uma vontade inexistente
em querer apoiar a realização do evento.
Aceitando que o Sr. Presidente não poderia estar em todas as
actividades (nem tão pouco se lhe pedia isso), tornava-se necessário dar um
sinal aos jovens de que o exemplo de confiança vem de cima. Ao Sr. Presidente
competia-lhe estar não só, presencialmente, nas datas supra-citadas, como
também no dia 12 de Agosto – Dia Internacional da Juventude e, claro está, na
cerimónia “A Porta Fica Aberta”, encerrando um ano de actividades.
Não bastava deambular pela cidade na “Noite Branca” ou
aparecer em algumas (poucas) iniciativas como o leilão do prédio ou quando da
visita da Comissão de Cultura e Educação do Parlamento Europeu, para dizer que
acreditou na BragaCEJ2012.
Era necessário que o Sr. Presidente mostrasse que acreditava
nos jovens, que acreditava que esta geração tem a responsabilidade de se
preparar para o futuro e tem o direito à cidade e à sua participação. Fica para
a História de Braga a recusa à participação e a ingestão democrática, quando o
Sr. Presidente afirmou, a propósito de uma polémica sobre a Regeneração Urbana,
que o “Município não recebe lições de ninguém”.
Afinal, em que acredita o nosso Presidente? Afinal, quais
são as políticas estruturantes do município na área da juventude? Afinal, que
sinal pretendeu o nosso Presidente mostrar à cidade com a sua ausência nos
momentos capitais da BragaCEJ2012?
Por ser o seu último ano de mandato, isso não significa
alhear-se das responsabilidades que os cidadãos depositaram nele. Não pode, em
ano de pré-eleições, confiar que a sua representação se faz a partir de
possíveis candidatos à cadeira do município, quase como delegando
dinasticamente o poder. Não é justo, nem é lícito fazer isso aos bracarenses.
Lembrando que o Sr. Presidente em exercício foi eleito, pela
primeira vez, para chefiar os destinos de Braga com menos de trinta anos – um
jovem, portanto – deveria estar mais consciente do valor dos jovens dentro da
cidade e da sociedade.
Se “Todos Somos Braga”, então deveria ser o Sr. Presidente o
primeiro, a partir do Paços do Município, a acreditar no lema da BragaCEJ2012,
envolvendo os jovens e transmitindo-lhes o gosto de viver na cidade de Braga. É
bom, ou não, viver em Braga?
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