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23 de julho de 2013

Diário do Património - Dia15

Percursos pelas antigas indústrias de Braga

Hoje, a JovemCoop passou a manhã a visitar os locais das antigas fábricas do Taxa, Pachancho, Confiança … Em algumas já não existe a fábrica em si, mas no caso da Confiança ainda perdura o edifício.

A “era industrial” na produção de chapéus, em Braga, inicia-se em 1851: foi nesse ano que se instalou na cidade a primeira unidade fabril, a Fábrica Taxa, com 110 trabalhadores. Começou por uma modesta oficina, mas depressa alcançou o estatuto de fábrica, muito embora, e durante um pequeno lapso de tempo, ainda recorresse ao trabalho manual e isto enquanto aguardava a chegada de novas máquinas. Mais tarde, em 1866, instala-se a Fábrica Social Bracarense, que ficava ao fundo das Goladas, na Rua Nova de Santa Cruz. Em 1921 voltaria a nascer uma outra, “A Industrial.”, no gaveto da Rua do Taxa, já “com modernos maquinismos” e “novos métodos mecânicos”. Em 1929, as três fábricas de Braga “ainda produziam cerca de 4 mil chapéus por dia”.

A  Fábrica Pachancho deve a sua existência a António Gomes do Vale Peixoto. Nascido a 25 de Dezembro de 1890 em Braga, cedo se tornou aprendiz de torneiro e fundidor. A certa altura da sua vida vê um automóvel (acontecimento raro num país pobre e pouco desenvolvido na altura), e essa visão fascina-o de tal forma , que irá ao longo da sua vida construir um pequeno império empresarial em redor dos veículos motorizados e componentes, a 20 de Outubro de 1920, funda uma pequena oficina para fabrico de peças para automóveis, capaz de empregar 8 trabalhadores. O fabrico de componentes para motores tais como pistões, camisas, colaças e segmentos, entre outros produtos, são um sucesso e a firma vai aumentando o nº de empregados e procurando instalações mais espaçosas às necessidades de uma empresa em constante crescimento. Em 1950, a Pachancho diversifica um pouco a sua linha de produtos e começa a construir motorizadas. Contrariamente à maioria dos outros construtores nacionais que se serviam de motores estrangeiros para equipar os seus modelos, a Pachancho cria o seu próprio motor para montar nas suas motorizadas. As motorizadas Pachancho ficaram conhecidas pela sua fiabilidade e robustez. O motor Pachancho ficou bem conotado, sendo até usado por outros fabricantes de motorizadas como a Vilar e até levado aos carros de fórmula 1.

A Fábrica Confiança foi uma das “últimas” a nascer desta “era industrial” em Braga, foi  fundada a 12 de Outubro de 1894 por Silva Almeida e Santos Pereira. A produção que inicialmente se destinava exclusivamente ao fabrico de sabão Offenbach, cuja inigualável qualidade oferece à empresa uma reputação invejável, mais tarde alargasse à produção da saboaria e perfumaria fina em 1919 o vasto catálogo de produtos que eram produzidos e comercializados pela Confiança incluía já sabonetes perfumados, pós de arroz, águas-de-colónia, sabonetes medicinais, extratos extrafinos e óleos provenientes das então colónias Portuguesas, distribuídos por cerca de 150 marcas diferentes. Uma centena de anos depois da sua fundação, a Confiança continua a escrever a sua história. Uma história rica, de muitas batalhas mas cheia de conquistas. Nos dias de hoje, a Confiança, que se continua a diferenciar pela aplicação dos seus métodos de produção seculares e oferece um vasto leque de produtos inovadores, de grande qualidade e adaptados às necessidades do nosso quotidiano. Uma marca que se mantém igual a si mesma. Com vista a não se perder esta “relíquia” como as restantes, foi criado um concurso pela Câmara Municipal de Braga para que se possa reabilitar este já velho edifício.

Concluo por isso que a atividade industrial em Braga foi muito importante para o desenvolvimento desta cidade percebendo o contexto histórico em que surgiram , a demografia da própria cidade nessa época, salientando o facto de serem empresas detidas por bracarenses, seremos obrigados a reconhecer os papeis fundamentais que desempenharam no desenvolvimento de Braga e o impacto na vida de uma das freguesias urbanas mais importantes do tecido urbano.

Mauro Franqueira


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