Edifícios bracarenses – que futuro?
Caro Leitor,
Quem anda por Braga de cabeça
erguida e com uma mente aberta para a imaginação e criatividade cruza-se com
inúmeros edifícios aos quais daria um outro destino, uma outra função.
Referimo-nos não só a edifícios devolutos mas também aos edifícios que estão em
“funcionamento” e que ninguém compreende ao certo o que são ou fazem. Falamos
especificamente no antigo edifício Francisco Sanches e no famoso edifício
GNRation. Aparentemente são locais com pouco em comum, no entanto, apesar de
distintos, ambos têm o seu destino por decifrar.
O antigo Quartel da GNR surgiu
para ser um local de criação artística e para dar espaço ao desenvolvimento de
atividades criativas. Contudo, quem observa de perto a vida deste edifício
compreende, desde logo, a elevada variedade de utilidades que lhe é atribuída.
Desde a agenda cultural que é divulgada ao público, que diverge entre concertos
e exposições, existe ainda a Loja Europa Jovem, e os diversos apoios que o
local dá, por exemplo ao Conselho Municipal da Juventude, que realiza lá todas
as suas reuniões, albergando, ainda, os gabinetes dos vereadores da oposição, o
gabinete do provedor do munícipe e o centro de recrutamento do exército.
Acreditamos que dar um melhor aproveitamento ao edifício é realmente bom, mas
que se deve seguir uma linha objectiva com as finalidades do imóvel, em vez de
este servir para o que for preciso. Muitas são as pessoas que se devem
questionar sobre a real utilidade do GNRation, o que realmente o define. No
coração da cidade este é um dos melhores exemplos de restauro de um edifício. No
entanto, após as suas portas abrirem perdeu a sua definição original, deixando
de ser a prometida casa da juventude, para ser tudo e mais o que lá couber.
Diferente do GNRation é o antigo
edifício da Escola Francisco Sanches. Ainda por restaurar o destino deste local
já foi alvo de inúmeras discussões. Sabemos do interesse da Junta de Freguesia
de S. Victor mudar para lá as suas instalações, mas nada mais se sabe acerca da
recuperação e do futuro deste edifício. Para que não se repita o “erro” de
criar um segundo GNRation na cidade, parece-nos prudente e necessário que se
definam as linhas gerais que irão guiar este edifício. Só assim todos ficaremos
esclarecidos sobre o funcionamento dos locais. Antes de se fazerem obras, é
preciso definir o programa de conteúdos do edifício, sob pena de voltar tudo a
caber dentro de um espaço onde se sobrepõem as iniciativas.
O destino de qualquer um destes
dois imóveis pode ser variado, mas parece-nos fundamental que sejam traçadas
linhas de organização, de modo a evitar que sejam investidos fundos e que
depois os espaços fiquem vagos sem qualquer utilidade, servindo assim para
diversos fins.
São inúmeros os desígnios que
qualquer um destes locais poderia ter. Tal como já sugerimos anteriormente,
falta à cidade um centro associativo, um local para todas as associações
trabalharem, principalmente aquelas que se encontram em funcionamento e sem uma
sede própria, sem um local para reunirem, para trabalharem, sem local para
nascerem novas parcerias e novos projetos. Muitas associações reúnem em
diversos locais e contam com a ajuda de vários parceiros para planearem e
desenvolverem atividades, sem terem um local definido para o fazer. Seria interessante
que, ao abrigo de uma vontade comum, surgisse o Centro Associativo ou a Casa
das Associações, onde as associações pudessem partilhar recursos e ideias,
contribuindo para a animação sócio-cultural da cidade.
Contudo é importante
salvaguardamos que, apesar de tudo, é de louvar o restauro do GNRation e a
preocupação com o Edifício da Escola Francisco Sanches, pois estes edificados
centenários merecem ser requalificados, tornando-se “cartões de visita” da
cidade. Neste lote de edifícios a requalificar, importa lembrar a Fábrica
Confiança e a Escola D. Luis de Castro. O que sugeria o leitor para estes
imóveis?