Ícones
de Braga
Muito se tem falado sobre a
candidatura do Bom Jesus a Património Mundial da Humanidade, classificação
instituída pela UNESCO. Foram cerca de 20 anos de trabalho e planificação,
reconhecidos neste último mês, com a confirmação da presença deste monumento na
lista de candidaturas. Desengane-se quem menospreza a presença do Bom Jesus na
lista dos candidatos, pois para nela entrar são muitos os requisitos a ter em
conta. Além de ter de garantir o Valor Universal Excepcional do monumento, a
conservação e a proteção são também uma mais-valia que sustenta esta
candidatura. Esta etapa, já conseguida, irá potencializar ainda mais o turismo
de toda a cidade, particularmente de toda a área circundante do monumento.
Agora, será necessário que esse turismo cresça de forma planificada, para que
se consiga dar uma resposta digna desta candidatura, pois certamente ao
aumentar a procura aumentam também as necessidades, como o alojamento, a
alimentação e até mesmo os meios de transporte para que haja uma maior união
entre o centro da cidade e o um dos seus santuários. Mandado edificar por D.
Rodrigo de Moura Teles, este santuário sofreu grandes alterações, ficando como
hoje o conhecemos apenas no século XIX. No entanto, apesar das alterações
sofridas ao longo dos tempos, o conceito original nunca foi descurado pois a
Via Sacra, no seu escadório, continua a realizar-se sobretudo na quaresma.
Também a Semana Santa de Braga é
um potencial candidato para Património Imaterial da Humanidade, mas tem ainda
muito a melhorar, apesar de ser já um marco importante na cidade. Embora esta
candidatura seja a património imaterial, é preciso ter em conta o cuidado com a
forma como as tradições tem sido implementadas e asseguradas, para que não
descaraterizem a memória da cidade. Também é necessário um maior e melhor
acolhimento aos turistas que nos visitam, pois cada vez mais o turismo é
plural. Vivemos num mundo quase sem fronteiras, onde há cada vez mais
facilidade em nos deslocarmos para conhecermos novas culturas e, com isso,
chegam as novas línguas para as quais devemos estar preparados. Os materiais de
apoio fornecidos a quem nos visita, devem ser adaptados aos tempos modernos,
por exemplo, o mapa do barroco, distribuído no posto de turismo, já deveria
estar mais actualizado, com uma imagem mais digna do século em que vivemos.
Existe ainda em Braga um
Monumento Nacional, igualmente pensado por D. Rodrigo de Moura Teles, que
poderia um dia ser candidato a Património Mundial da Humanidade. No entanto,
devido às escolhas feitas anteriormente, esse monumento irá sempre sofrer as
consequências e nunca poderá chegar a esse patamar. Falamos de um Monumento
Nacional que é bastante completo, pois tem em si não só a sua construção, mas
também a sua história e a fauna e flora que o envolve. Não fossem as escolhas
tomadas, alheias ao monumento, e hoje poderíamos ter um Parque Verde das Sete
Fontes muito maior, em vez de estar confinado às construções já existentes.
Contudo o importante é que se concretize agora o Parque, pois a cidade precisa
de um pulmão verde que a faça respirar melhor.
Como vê, caro leitor, vivemos
numa cidade cheia de potencial no que ao património diz respeito e devemos
honra-la cada vez mais. Deixe-se aproximar por estes ícones da cidade e verá
que irá viver cada vez mais orgulhoso por Braga.