Eu voto,
ele vota, nós votamos, e tu?
Nos dias de hoje expressar
publicamente uma opinião ou o acto de votar são direitos dados como adquiridos
por toda a população. No entanto, nem sempre foi assim.
Se recuarmos meio século, vemos
uma sociedade oprimida, regida por uma ditadura que decide a quem deve dar poder, que define quem pode pensar,
mas acima de tudo que proíbe o direito à identidade a todos os cidadãos. Desde
pequenos todos eram treinados para pensar da mesma forma, principalmente a
mulher, que deveria ser submissa, que não tinha o direito a opinião e era
tomada como ignorante.
Se hoje não é assim, tudo se deve
à conhecida Revolução dos Cravos, que comemorou os seus 45 anos no passado dia
25 de Abril. Um dia em que Portugal se encheu de coragem e, através dos seus
militares, abriu os seus pulmões para gritar LIBERDADE! No entanto, apesar do
ano marcante de 1974, tudo levou o seu tempo a mudar e a tornar-se na realidade
que hoje conhecemos. Por esse motivo é fundamental passar aos jovens de hoje a
real importância de termos tido uma revolução, que nos abriu portas e nos
trouxe direitos que hoje nos parecem fundamentais. O 25 de Abril é comemorado
diariamente por cada um de nós. Cada vez que expressamos publicamente as nossas
opiniões, cada vez que fazemos uma escolha nossa, qualquer que seja, estamos a
comemorar a revolução dos cravos e a honra-la com o maior direito que ela nos
podia dar, o direito a uma identidade individual.
Votar foi também um direito pelo
qual cidadãos tiveram de lutar, sobretudo as mulheres! O direito ao voto
significa uma escolha, significa uma atribuição de opinião individual, dá-nos
consideração e valor, mas, acima de tudo, votar dá-nos o direito a uma
participação direta na escolha de dirigentes ou representantes. Hoje em dia,
são imensas as decisões que são tomadas recorrendo ao voto, principalmente a
nível político.
Sendo VOTAR um verbo repleto de
significado, não deveríamos nós viver numa sociedade mais participativa? Desde
1974 que as taxas de abstenção têm vindo a aumentar atingindo valores de mais
de 50%. Estarão os abstencionistas conscientes do verdadeiro significado da
abstenção?
Abster é como ignorar o direito
de votar pelo qual tantos lutaram. Somos livres de exercer ou não o direito ao
voto, no entanto cada vez que nos dirigimos às urnas somos também livres de
qualquer decisão e voto, seja ele, branco, nulo ou partidário. É essa a decisão
que conta no final; é por essa manifestação de voto que todos esperamos para
eleger os nossos representantes. Abster é, simplesmente, ignorar uma decisão
que deve ser de todos e passa-la para as mãos de outros. Não estamos aqui para
defender qualquer partido político, mas sim sensibilizar para a importância do
ato de VOTAR.
É fundamental que as forças
políticas se juntem para combater a abstenção, sobretudo porque ela se faz
sentir mais junto da camada mais jovem, que, por vezes, se vê distanciada da
política e acaba por demonstrar o seu desinteresse não exercendo o direito ao
voto. É necessário que as várias forças políticas se unam para consciencializar
os jovens para uma política participativa, de todos e para todos, sendo essa
sim a verdadeira democracia. Só assim iremos verdadeiramente honrar a revolução
e fazer valer a nossa identidade.
Refletir sobre a abstenção é
essencial e porque não fazê-lo agora, mesmo antes de entrarmos em mês de
eleições europeias? Faça como nós, dirija-se às urnas e faça valer o seu
direito.