Quando o (in)esperado acontece…
Braga começa agora a despir o
vermelho e dourado que a cobriram durante cinco dias repletos de festividades,
honrando assim a sua cidade romana fundadora, Bracara Augusta. Foram dias
preenchidos com a participação dos mais variados grupos da cidade, desde escolas,
passando por associações a grupos de teatro e muitos são os bracarenses que se
mostraram honrosos bracaraugustanos,
vestindo o seu passado com rigor e motivação.
Quem tem vivido a Braga Romana,
desde o seu início, de imediato conclui que mais do que uma atividade lúdica,
este evento da cidade é educativo, pois as escolas envolvem-se na história da
fundação da cidade para se fazerem representar nos respetivos cortejos, mas
também para estarem presentes no mercado romano. Também associações e outras
entidades vestem as túnicas com rigor e recriam o quotidiano romano em
variadíssimos espaços, como é o caso do acampamento militar, das termas romanas
e da Domus Romana – onde a JovemCoop marcou presença.
Cada vez mais próxima de Bracara
Augusta, esta recriação histórica sofreu este ano algumas alterações.
Destacamos a modificação da localização, pois todo o evento está mais
descentralizado, com objetivo de se aproximar da antiga cidade romana. Houve
também uma excelente novidade nos espaços da feira, que soube unir Bracara
Augusta às atuais ações de consciencialização ambiental, cabendo aqui lembrar a
criação de fontanários romanos.
Durante cinco dias as ruas da
cidade estiveram repletas; os espectáculos com “lotação esgotada”, as praças da
alimentação cheias desde a abertura até ao encerramento e os cortejos a
encherem as ruas sob o olhar dos mais curiosos. Tudo isto é de louvar, mas porque
é que realmente a população que se mostra interessada e se deixa envolver?
Em oposição a um evento
participativo, temos um domingo com as urnas de voto para as eleições europeias
VAZIAS…
Foram inúmeras as ações de apelo
ao voto que ocorreram nos últimos tempos sem,
no entanto, surtirem o efeito necessário. Na ordem do dia estão os
resultados eleitorais, mas deveriam estar também as históricas taxas de
abstenção, que em Portugal atingiram números a rondar os 70%, subindo mais 2,4%
do que em 2014. Estamos bem acima da média europeia que teve a sua taxa de
abstenção a rondar os 50%, o que já não é algo positivo.
Em nossa opinião, tamanha
abstenção não significa revolta, pois para isso há formas de expressão. A
abstenção é muito mais grave, mostra a indiferença e a leveza com que são
escolhidos os representantes europeus no (e do) nosso país. A população está
afastada da Europa, em geral, e da política nacional, em particular, uma vez
que já se fala na repetição deste fenómeno para as eleições à Assembleia da
República.
Mais grave que este resultado
surreal, só mesmo os representantes partidários do nosso país dizerem já estar
à espera que tal acontecesse. Não é normal, apenas 30% da população votar, se
tal acontece é porque algo está muito mal, e é necessário tomar ações. É
urgente consciencializar a população da importância do voto, não se limitando a
pedir o apelo ao voto em vésperas de eleições. Há um longo caminho pela frente,
para tornar os cidadãos mais participativos, mostrando o impacto que tal poderá
ter na política nacional, e é fundamental começar pelas camadas mais jovens, a
educação deve intervir desde já. Somos uma sociedade que vive o imediato, que
participa em massa num evento na cidade, mas que não antecipa o futuro, e não
tem consciência de tais ações. Também os romanos viviam de “pão e circo”, mas
sempre conscientes e participativos na política da sua cidade. É urgente
intervir, pois Braga não foi muito diferente com 62,2% de abstenção; mais uma
vez, vai-se discutir política, apontar resultados, opinar acerca de candidatos,
tudo sem realmente envolver a população e credibilizar as políticas e as
medidas que induzam as pessoas a VOTAR!