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17 de setembro de 2019

Crónica - Deixar a Semente Germinar



Deixar a semente germinar

O Parque de Guadalupe é um espaço verde privilegiado na cidade, quer pela sua localização, quer pela paisagem que oferece a quem o visita. São cada vez mais os turistas da nossa cidade que procuram o Parque, despertados pela curiosidade de conhecer a Capela de Guadalupe, que ocupa um lugar de destaque em pleno centro histórico. A Capela com o seu formato de cruz grega viu o seu altar-mor, desenhado pelo mestre André Soares, ser recentemente restaurado, enriquecendo-a ainda mais. Assim, aconselhamos a que todos visitem a Capela e apreciem o seu “novo” altar, digno de ser admirado por todos.
Se a Capela de Guadalupe foi alvo de alguns restauros, também o Parque vai recebendo a sua manutenção e tudo isto acontece devido à comunidade ativa que se esforça e trabalha por aquele local. Quando falamos de Guadalupe, e de toda a sua comunidade, é impossível não destacar o Dr. Sousa Fernandes. Conhecido por toda a comunidade como “Sr. Dr.” foi através do seu espírito aberto, simples e cheio de iniciativa, que o Parque foi ganhando vida. Acreditando sempre que toda a comunidade é merecedora de usufruir do Parque, o Dr. Sousa Fernandes mostrou-se sempre disponível para acolher propostas de iniciativas no local. Desde a utilização da capela para celebrações religiosas, passando por grupos de escolas que lá realizam o corta-mato, ou grupos de escuteiros que lá fazem desde piqueniques até acampamentos, e as já famosas Lazy Sessions nunca ninguém viu as portas de Guadalupe serem fechadas. Tudo graças ao nosso “Sr. Dr.” que semeou em toda a comunidade o espírito de partilha que só ele sabia viver. Hoje podemos ver que a semente por ele deixada começou a germinar.
A prova de que o legado deixado pelo Dr. Sousa Fernandes dará muitos e bons frutos acontece durante os próximos tempos. Enquanto o uso cultual está indefinido, toda a comunidade se tem juntado no parque, ao domingo de manhã, para ir fazendo a manutenção do mesmo. Os fiéis que outrora viriam para a celebração da Eucaristia, hoje vão ao parque cortar a relva, pintar os baloiços, aparar as árvores e todo este trabalho é realizado desde os membros mais antigos da comunidade até aos recém-chegados, que em comum têm a missão de cuidar de um espaço que é de todos e que sonham um dia ver aberto ao público.
A biblioteca da árvore é uma nova iniciativa que irá ocorrer no Parque de Guadalupe, onde as pessoas poderão disfrutar do espaço verde e lerem um dos livros que lá estarão disponíveis. A sua inauguração estará para breve, mas antes recordamos que esta iniciativa ímpar na cidade foi escolhida por cidadãos aleatórios que votaram neste projeto, num concurso organizado pelo Pingo Doce. Este resultado é mais uma prova de que a população tem vontade de usufruir do Parque e que há um desejo de que este seja continuamente aberto ao público.
Deste modo, se considerarmos que a população mostra, de diversas formas, a vontade em ter o parque disponível para ser visitado, e considerarmos ainda que este é dos poucos pulmões verdes em pleno centro histórico da cidade, chegamos a uma fórmula perfeita, em que o resultado só poderá ser a abertura pública do Parque. Numa hora de readaptação do espaço, pode ser esta a oportunidade para a Irmandade de Guadalupe, o Município de Braga e a Arquidiocese de Braga gizarem uma solução para que todos os cidadãos possam vir a usufruir do espaço, assim como para os turistas que o desejem visitar.
Enquanto o Parque de Guadalupe não vê os seus portões abertos, a JovemCoop, continuará a trabalhar em conjunto com a comunidade na manutenção do parque, salvaguardando não só um espaço verde, mas também as memórias de 40 anos de associativismo. São muitas as atividades realizadas naquele local que estará sempre ligado à história da associação. Assim, continuaremos a valorizar e salvaguardar o Parque de Guadalupe, homenageando de forma singela o nosso amigo Dr. Sousa Fernandes e permitindo que a semente por ele plantada germine dentro de nós.