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25 de maio de 2021

Crónica "Braga Mais Romana"


 

Braga mais Romana


Entre os dias 19 e 23 de Maio, Braga dever-se-ia encher de cores, celebrando a sua origem e mostrando a todos o encanto escondido de Bracara Augusta. 

Devido ao estado de calamidade que o país ainda atravessa, a edição de Braga Romana 2021 ganhou um novo formato digital. Não querendo deixar passar a data em branco, a Câmara Municipal de Braga lançou um conjunto de vídeos online que vão desde concertos, até aos principais rituais romanos, que são os momentos mais altos da recriação histórica, como é o caso do Casamento Romano e do Batizado. Os vídeos podem ser vistos nas redes sociais do Município de Braga e, para nós, foram uma excelente forma de celebrar Bracara Augusta, de um modo vivo e pedagógico. 

No entanto, houve um momento de maior destaque na programação da Braga Romana 2021, que foi a apresentação pública do projeto “Insulae das Carvalheiras”. 


Para os mais distraídos, as ruínas arqueológicas das Carvalheiras são um museu a céu aberto, em pleno centro histórico da cidade, e são constituídas por uma casa romana e termas públicas. Com escavações arqueológicas, feitas pela Universidade do Minho entre meados da década de 80 do século passado e os anos 2000, este local está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1990. Estando o local votado ao abandono durante cerca de 20 anos, o mesmo foi alvo de vandalismo e até mesmo saqueado com recursos a detetores de metais, o que é ilegal pela lei da proteção do património arqueológico. 

Contudo, a Ínsula das Carvalheiras viu um futuro mais sorridente com a apresentação da sua musealização. Um projeto, a nosso ver, inovador e ambicioso que incluirá não só a musealização do local, como ainda um centro interpretativo e um parque urbano na sua envolvente. O objetivo será não só atrair visitantes à cidade, mas também que os seus habitantes usufruam do espaço. Para nós, um espaço verde no centro histórico é algo que a cidade já necessita há vários anos, apresentando-se como um local fresco nos nossos dias quentes de verão, numa cidade repleta de cimento. Esta envolvente parece-nos também importante para valorizar ainda mais a localização das ruínas, não as deixando passar despercebidas no meio de uma urbanização já existente. A criação de mais postos de trabalho e a dinamização da economia local são também aspetos positivos que um projeto desta extensão traz consigo. 

O projeto “Insulae das Carvalheiras”, uma parceria entre a CMB e a Universidade do Minho, foi para nós o momento alto da programação da Braga Romana 2021. Com previsão para estar pronto em 2022, acreditamos que esta é uma forma de marcar e dignificar ainda mais Bracara Augusta e todos nós enquanto descendentes desta herança urbana romana. O projeto terá um custo de 2,7milhões de euros e será financiado em exclusivo pela Câmara Municipal que até agora não concorreu a nenhum projeto comunitário. Um investimento bem realizado mostrando de que forma podemos unir o passado ao futuro, juntando as ruínas que hoje existem a um centro interpretativo moderno e tecnológico. 

Acreditamos que Braga irá valorizar este local como o faz com muitos outros. Já existem provas dadas de que os bracarenses valorizam a sua cultura e aderem à programação cultural da cidade. Estamos certos de que com a musealização das Carvalheiras não será diferente. Afinal, é um local que, infelizmente, muitos ainda desconhecem devido à sua desvalorização durante muitos anos. 

Estamos certos de que será um local com bonitas recriações de Bracara Augusta, o que fará com que todos possam conhecer ainda melhor as origens da cidade e viver a Braga Romana de uma forma ainda mais intensa.