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31 de maio de 2022

Crónica "O Nosso Património"

 


O Nosso Património
 
No próximo mês de Julho, a JovemCoop, em parceria com a Junta de Freguesia de São Victor, dá início à décima oitava edição de “O Nosso Património”.
 
Entre os dias 4 e 15 de Julho, de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 12h30 iremos percorrer alguns dos locais mais emblemáticos da nossa cidade, em geral, e da Freguesia de São Victor, em particular. Apesar de ser um campo de férias que envolve inúmeras visitas, o local de trabalho será no Parque de Guadalupe, e a participação na atividade é totalmente gratuita, mas limitada às vagas disponíveis.
 
“O Nosso Património” é considerado o ex-libris da JovemCoop! Hoje, estamos orgulhosos de planear a XVIII edição. São dezoito anos de atividade, o que se traduz em centenas de participantes, dezenas de monitores e inúmeros parceiros de atividades. Ao longo dos anos, fomos adaptando este campo de trabalho, tentando sempre inovar e superar os novos desafios que vão surgindo.
Os participantes das primeiras edições são hoje jovens adultos que têm uma maior consciência da valorização e da preservação do património. Acima de tudo, aprenderam a valorizar a nossa cidade e a serem cidadãos ativos e participativos. Nesta atividade tentamos sempre dar a conhecer um pouco da nossa cidade de Braga, visitando alguns dos seus museus e locais mais emblemáticos, desde o Museu D. Diogo de Sousa, o Museu dos Biscainhos, passando pela Sé de Braga, a Igreja de São Victor, as Sete Fontes, entre outros.
 
Contudo, tentamos, também, proporcionar visitas a locais que nem sempre são de fácil acesso, como a Capela das Convertidas que habitualmente se encontra encerrada, e também a locais que nos mostram um património mais contemporâneo, como a Capela Imaculada. Ao longo de vários anos, demos, também, destaque ao património desaparecido, de forma a valorizar a salvaguarda do património e demonstrar a importância de todos termos um papel de cidadania ativa e de intervenção na vida política da cidade. Desta forma, recordamos, por exemplo, a época industrial da cidade, mostrando a importância de preservarmos a Fábrica Confiança, para que esta época não seja apenas a memória de alguns e se vá perdendo ao longo dos tempos como aconteceu com a Fábrica Taxa ou a Social Bracarense.
 
O contacto com a natureza é, ainda, um dos pilares de “O Nosso Património”. Infelizmente devido às condições de saúde atuais, tivemos de adiar o nosso tradicional acampamento. Ocorria sempre numa freguesia da periferia da cidade, de forma a mostrar locais que estando tão perto, são desconhecidos de muitos, como é o caso dos Moinhos de Portuguediz, na Freguesia de Sobreposta. Apesar de ainda não ser possível realizar o acampamento, apostamos sempre em realizar um trilho pela natureza, como os passadiços do Sistelo, ou os passadiços do rio Minho. Deste modo, despertamos os mais novos para o prazer das atividades ao ar livre, afastando-os um pouco do mundo tecnológico.
Um dos desafios que sentimos ao longo dos anos é a necessidade de combater o isolamento dos jovens, que vão mostrando cada vez mais dificuldade em se integrarem em ambientes novos. Tentamos sempre promover o espírito de equipa e a comunicação entre eles, pois sabemos que de um modo não formal também estamos a educar e a desenvolver os futuros adultos.
A prova de que temos uma atividade de sucesso é o regresso dos participantes nos anos seguintes e a vontade de chegarem a monitores.
Ser monitor é também um desafio que nos ajuda, muitas vezes, a desenvolver competências para o mundo laboral que nos espera. Somos desafiados a lidar com várias pessoas, com diversas personalidades, mas, também, a conhecer novos locais, a desenhar as atividades e fazer as apresentações necessárias. Para muitos monitores, é a primeira experiência que podem colocar no seu curriculum, enriquecendo-o antes de iniciar a vida profissional.

“O Nosso Património” para nós, vai muito além de um campo de férias, é um momento em que trabalhamos consciências e desenvolvemos personalidades, mostrando o que realmente importa! As inscrições estarão disponíveis a partir do dia 06 de Junho e podem ser feitas online pelo blog ou facebook da JovemCoop.

3 de maio de 2022

Crónica "Ampliar as liberdades de Abril"

 


Ampliar” as liberdades de Abril

Terminamos agora o mês de Abril, que é como quem diz o mês da Liberdade! São 48 anos onde, diariamente, são celebradas as conquistas do 25 de Abril, data que não poderá ser esquecida por todos os portugueses.

É menos de meio século que nos separa de um governo ditatorial. São, ainda, muitos aqueles que viveram esses tempos na primeira pessoa e relatam as suas memórias com a emoção de quem sabe o que é viver privado de liberdade. No entanto, um estudo feito recentemente vem mostrar que quem nasceu depois da revolução de 1974, atribui um maior significado ao 25 de Abril, considerando-o com muita importância para a sociedade portuguesa.

Se pensarmos no que a Revolução dos Cravos trouxe para a sociedade dos dias de hoje, todos recordamos o direito ao voto. Vivemos num regime democrático que deu liberdade para que todos os cidadãos maiores de idade possam votar e, em conjunto, escolher quem serão os representantes políticos do país. Não temos dúvidas de que o direito ao voto é uma das grandes conquistas do 25 de Abril, mas, com o novo regime, chegaram também novos direitos.

A liberdade de expressão é, também, uma das grandes conquistas de Abril. Antes de 1974 todos os cidadãos eram levados a pensar da mesma forma, não sendo permitido que existissem opositores ao regime. Músicas, artigos, poemas, tudo era revisto e, se necessário, censurado pela PIDE. Existiam, um pouco por toda a parte, informadores secretos para denunciar todos aqueles que se expressassem contra os ideais vividos na época. Hoje, cada um é livre de ouvir as músicas preferidas e ler os livros com que mais se identifica e, acima de tudo, de escrever e defender aquilo em que acredita.

Se hoje apelamos a uma cidadania ativa, com uma vida política participativa é porque a revolução assim o permitiu. Viver em democracia é isso mesmo, poder eleger, mas também poder participar.

Em Braga, felizmente, há quem se importe e queira participar na vida política da cidade. Se existe um grupo de cidadãos que criou a Associação Amigos das Convertidas, que tem como objetivo proteger e preservar aquele Imóvel de Interesse Público, existe também quem tenha criado a plataforma Salvar a Fábrica Confiança para defender e preservar o que resta da memória industrial da cidade. Muitos outros movimentos foram criados na cidade, tornando a participação no quotidiano político de Braga cada vez maior. Para a JovemCoop é fundamental que existam estes movimentos, pois é desta forma que verdadeiramente se faz política, isto é, as opções para a cidade.

Nos dias de hoje, em que todos vivemos em democracia, é essencial ouvir os cidadãos e incluí-los no futuro da cidade. Recentemente, vimos mais um projeto na cidade de Braga a ir para os tribunais, porque um grupo de cidadãos se recusa a aceitar aquilo que o Município decidiu. Falamos da Requalificação e Ampliação do Pavilhão das Goladas.

Estando o pavilhão inserido numa zona residencial, seria de esperar que o Município, ao idealizar o projeto, pensasse nos interesses de quem por lá habita. No entanto, se porventura não o considerou, nas sessões de esclarecimento do projeto poderia ter auscultado a população presente e ponderar alguns pontos. Todos sabemos que o Pavilhão das Goladas necessita de uma intervenção, no entanto, antes de realizar o projeto, deveriam ter sido ouvidas todas as partes e perceber qual seria a melhor solução para todos. Afinal, vivemos em democracia e a comunicação é uma das nossas grandes conquistas. Reduzir o pouco espaço verde existente naquela área, aumentando a construção atual do edifício poderá parecer a solução mais fácil, mas está longe de ser a ideal. Desta forma, achamos que antes de se avançar com um investimento de cerca de 1,6 milhões de euros, o Município deverá ouvir todas as partes afetadas por esta intervenção, não só o grupo desportivo, mas também o grupo de moradores, que vem demonstrando o seu desagrado pelo projeto atual. Somente após esta reunião seria possível perceber que alterações deveriam ser feitas e de que forma, para que o projeto fosse ao encontro de todos.

Por isso, não se entende como se tenta reduzir a participação dos cidadãos a um ineficaz Orçamento Participativo, quando a verdadeira opção deveria ser o incentivar da participação das pessoas nas opções da comunidade. Dá trabalho? Claro! Mas o resultado final será uma comunidade muito mais comprometida e coesa.

Usemos tudo aquilo que Abril nos deu de bom para sermos uma sociedade participativa e, acima de tudo, democrática, que se deixa ouvir pelos cidadãos.