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3 de dezembro de 2010

Braga Continua a ignorar a História

retirado do "Diário do Minho" de 27/11/2010

A cidade de Braga tem mais de dois mil anos de história, que a tornam a mais antiga urbe portuguesa e a que mais património construído e arqueológico dispõe para se afirmar nos roteiros culturais a nível europeu.


Apesar de tudo isto, o passado, quando não devidamente valorizado e enquadrado, é sempre um empecilho para as mentes iluminadas do progresso, pelo que no caso de Braga a ordem foi rasgar e construir à vontade, nuns casos destruindo as ruínas romanas que continuavam a marcar o seu território, noutros de melhor sorte conservando-o muito bem guardado no subsolo.


A ditadura do betão tem mandado na cidade desde os anos 60 até aos nossos dias, proporcionando habitação para todos a custos relativamente baixos no contexto nacional, cumprindo assim um direito consagrado na Constituição da República. Um direito tão diligentemente cumprido que hoje há quem estime que a cidade dispõe de dez mil fogos vazios.


Esgotado o filão da habitação - na generalidade de qualidade duvidosa - a indústria bracarense da construção, que dá cartas a nível nacional, rapidamente se voltou Braga continua a ignorar a história... para os parques empresariais e para os empreendimentos comerciais com forte potencial de crescimento.


O património bimilenar, esse continuou esquecido e ao sabor de intervenções pontuais, que mais não são do que "flores" para inglês cheirar, porque aquilo que ele deveria ver continua eternamente adiado, enterrado ou abandonado.


É por isso que, já em pleno século XXI, não se entende que o município continue a não agarrar a sério o passado romano de Braga, como um importante eixo de desenvolvimento cultural e de afirmação da cidade, e fique por representações folclóricas de gladiadores e odaliscas.


O investimento no património continua, assim, completamente dependente do Estado central, ou seja eternamente adiado, frustrando as expectativas de todos aqueles que amam a história da sua cidade e que defendem um desenvolvimento diferente e mais urbano para Braga.


É neste quadro que devem ser lidos com atenção os alertas que acabam de ser lançados pelo arqueólogo da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho Luís Fontes (DM, 22/11/2010).

Não se pode deixar de lamentar que passados quase dois anos do anunciado apoio ao Parque Cultural e Arqueológico de Braga, a autarquia continue a ignorar um projecto, que poderia valorizar a cidade a nível internacional.

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