retirado do "Diário do Minho" de 12/11/2010
retirado do "Diário do Minho" de 14/11/2010
No âmbito da preparação da cidade de Braga para acolher a Capital Europeia da Juventude (CEJ), em 2012, começam a surgir, agora, algumas notícias interessantes e que merecem a nossa reflexão.
Em primeiro lugar, merece a nossa felicitação uma aposta tão séria e tão carregada de valor como a criação de duas infra-estruturas exclusivamente dedicadas à Juventude.
Falamos, pois, da nova Pousada da Juventude e da Casa do Conselho Municipal da Juventude. Se a primeira estrutura é, indubitavelmente, necessária para Braga e para os jovens que cá acorrem, a segundo é o culminar de um sonho que poderá transformar o panorama da juventude bracarense, na sua forma de encontrar arte, cultura e abrir-se ao modelo do associativismo e voluntariado.
Duas estruturas, duas valências, um objectivo...proporcionar mais acção e oferta à juventude.
Ainda assim, queremos partilhar com os nossos leitores algumas considerações sobre estas notícias.
1 - A localização da Nova Pousada da Juventude fica distante do Centro Histórico da Cidade de Braga;
Não se compreende porque se privilegia o Convento de S. Francisco, em Real, em deterimento de outros edíficos do nosso casco histórico. A localização da pousada em Real não é central e cria uma série de dificuldades de mobilidade.
Geralmente, quem procura alojamento nas Pousadas de Juventude não dispõe de meio de transporte próprio, e todos sabemos como a rede de transportes urbanos é insuficiente em Braga, ou, pelo menos, inadaptada à realidade jovem. Imaginemos um evento nocturno que atraia jovens ao centro da cidade e que acabe à meia noite (um espectáculo de teatro, música, dança ou uma exposição). A essa hora os jovens já terão dificuldade em regressar à Pousada da Juventude pois não terão transportes (e não estamos a pensar só em 2012, onde, certamente, serão criadas carreiras especiais).
Se a Pousada ficasse localizada no centro de Braga, como nós defendemos (seja na Casa das Convertidas ou no antigo Quartel da GNR), todos os jovens ficariam perto dos centros de conhecimento: Universidade do Minho, Universidade Católica, Instituto Ibérico de Nanotecnologias, onde facilmente se poderão deslocar a pé.
Os jovens ficariam perto das estruturas de transporte e mobilidade - Central de Camionagem, Estação de Caminhos de Ferro, várias praças de Taxi; etc;
Situar-se-iam na zona cultural do Theatro Circo, a Escola de Música do Carandá, o Parque de Exposições de Braga,do Auditório Vita e da Gulbenkian, do Estaleiro Cultural da Velha-a-Branca, etc;
A pousada estaria no centro dos Parque Verdes - entre o Parque Norte (Dume), o Parque Sul (S.João da Ponte/Picoto), o Parque Nascente nas Sete Fontes e o Parque Oeste perto da zona de Maximinos.
- Uma pousada no centro também ficaria localizada entre zonas de desporto, desde o estádio Axa e o Primeiro de Maio, os Campos da Rodovia e o Parque Radical;
- Situar-se-ia, também, no centro do património cultural de Braga, onde os jovens poderiam facilmente visitar, a pé, a Sé Catedral e as Igrejas de Braga, os Museus (D.Diogo de Sousa, Biscainhos, Nogueira da Silva, Pio XII) estruturas arqueológicas como as Termas Romanas, a Domus da Escola Velha da Sé e as Carvalheiras, etc.
- Os jovens que estivessem na Pousada da Juventude estariam perto do Posto de Turismo de Braga onde poderiam recolher informações várias;
- Uma pousada da Juventude no centro de Braga proporcionaria, ainda, a vantagem de possibilitar a mobilidade jovem entre espaços de diversão nocturna como o Sardinha biba, o Insólito, o Sabão Rosa, o Populum, etc;
- E, sobretudo, uma pousada da juventude no centro da cidade de Braga proporcionaria o contacto dos jovens com as pessoas, daria mais vida ao centro histórico que está cada vez mais deserto, e permitiria uma melhor e maior acepção cultural da nossa história. Mais ritmo, mais movimentação, mais gente.
2 - A decisão de situar a nova Pousada de Juventude de Braga não deveria ser tomada somente entre a CMB e a MoviJovem. Deveriam ser chamadas à participação as associações e entidades que habitualmente trabalhem com jovens, pois estas detêm informações e trabalhos que possam ajudar a formular esta decisão;
3 - Desviar a pousada da Juventude do centro de Braga só retirará gente do casco central urbano, sobretudo numa zona já por si populacionalmente deprimida e que ficará ainda mais, logo que o Hospital de Braga se mudar para Sete as Fontes.
4 - As pousadas de Juventude não têm que ser necessariamente estruturas de luxo, uma vez que os jovens muitas vezes requerem conforto a preços baixos, não querendo/tendo vontade de pagar preços altos;
5 - O antigo Quartel da GNR é um edifício de características singulares no centro da cidade de Braga que é demasiado grande para albergar unicamente a casa do Conselho Municipal da Juventude. Aliás, este Conselho não tem reunido com a frequência devida e, se funcionasse correctamente, deveria, ainda, ser chamado à decisão e modelo de funcionamento, tendo em conta a finalidade a que se destina a estrutura;
6 - O antigo edifício da GNR poderia albergar, num modelo misto, quer a casa do Conselho Municipal da Juventude, quer a Pousada da Juventude de Braga, porque tem espaço para tal;
7 - Além do mais, sabendo que as apostas na Juventude e na Cultura ficam sempre para último no Plano de Actividades do executivo da CMB, o edifício a reformular terá de ser auto-sustentável, logo, mais um motivo para ter mais valências que gerem receita, do que somente uma Casa Municipal da Juventude.
8 - A atenção prestada às associações de Braga tem sido diminuta, pelo que para se fazer a Casa do CMJ é preciso unificar o movimento associativo, que neste momento não trabalha em sinergia, mas antes "cada um a remar no seu próprio barco"; Por isso, pensar fazer a Casa do CMJ implica, antes de mais, ouvir as associações, conhecer o seu trabalho e saber as suas necessidades!
A JovemCoop mantém a sua ideia de que não será benéfico retirar a Pousada da Juventude do centro da cidade de Braga. Se não é possível aproveitar a Casa das Convertidas, como haviamos defendido numa primeira instância, para "converter" o edifício na tão desejada Pousada, achamos, então, que se deve pensar e ponderar a utilização do antigo Quartel da GNR, e instalar lá a Pousada da Juventude que trará á nossa cidade muitos mais benefícios!
E claro, a nossa recomendação é que não se pense na Pousada da Juventude e na Casa do CMJ só para o ano 2012, porque o desafio é manter estas estruturas em funcionamento depois da Capital Europeia da Juventude terminar. Torna-se fulcral que a CMB pense a cidade, o restauro urbano integrado e a sustentabilidade dos seus projectos, para que tenham dignidade e façam de Braga uma cidade maior e melhor, com mais qualidade de vida!