retirado do "Diário do Minho" de 15/11/2010
"De promessas está o inferno cheio", diz o ditado, e das eleitorais, já não há paciência nem credibilidade para elas, poderíamos nós acrescentar!
Infelizmente, aconteceu o previsivel, ainda que não o fosse desejado. A Câmara Municipal de Braga deixou cair o projecto de criação do Parque Arqueológico de Braga, pelo menos no modelo assente na escavação e recuperação do Teatro Romano e na Conservação e Valorização da Casa das Carvalheiras.
No que concerne à estratégia de valorização de Braga como cidade romana, está tudo dito...promessas realizadas em época eleitoral e desistência ao abrigo da crise internacional.
É facto que com a crise que Portugal atravessa, Braga também será afectada...contudo, é questionável porque razão os projectos arqueológicos são os primeiros a "cair"?!
Na verdade, parece-nos falta de visão que não se procurem rubricas do QREN e/ou mecenas culturais que ajudem a proteger e a recuperar aqueles espaços para a cidade de Braga. Perdemos pontos de atracção patrimonial, logo perdemos locais de atracção turística...logo, perdemos investimento e cultura de uma só vez.
Além do mais, da forma como este projecto é abandonado, dá a sensação de que nunca foi realmente equacionado, porque uma postura séria faria com que, pelo menos, a CMB reunisse com a Universidade do Minho, a Unidade de Arqueologia da U.M., com o Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa, todos eles partes activas do Projecto de Salvamento de Bracara Augusta, e com a Direcção Regional de Cultura Norte e avaliassem formas de, paulatinamente, concretizar esta intenção.
Mas não há essa vontade, e a arqueologia e o património continuam a ser uma área de saber que parecem não entrar nas políticas da nossa cidade. E o Projecto de Salvamento de Bracara Augusta é algo que parece não ter expressão, nem capacidade de afirmação na cidade, existindo só nos artigos à disposição da comunidade científica!
Apostar no Património Cultural é apostar na ÁreaTurística, é incrementar o sector hoteleiro, dos transportes, da restauração, etc. E, acima de tudo, é valorizar e dignificar a história da cidade de Braga.
Mas já que se avançará com as requalificações de várias artérias da cidade de Braga, convém lembrar que também essas intervenções devem ser pautadas por acompanhamentos arqueológicos, logo, pelo menos aí, pode ser que se recupere parte do nosso património escondido.
Mas para isso...tem de haver seriedade e não começar as obras sem as respectivas autorizações e devidos acompanhamentos!
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