22 de junho de 2021

Crónica "O Manifesto que realmente importa"


 O Manifesto que realmente importa


A palavra democracia tem origem na junção de duas palavras gregas, demos que significa “povo” e kratos que significa “poder”. É assim que nasce a democracia, ou seja, o poder do povo. Contudo, se queremos verdadeiramente ter esse poder, não podemos esquecer que ele traz consigo alguns deveres. 


Acreditamos que a oportunidade de viver em democracia, conquistada em 1974, pelos nossos Capitães de Abril, é por nós celebrada diariamente. No entanto, será que a honramos no seu momento mais genuíno, no seu momento mais natural? Falamos, obviamente, do ato de VOTAR, o momento em que todos somos chamados a exercer o nosso direito mais democrático de todos. 


Conscientes de que em cada eleição a abstenção tende a crescer, um grupo de cidadãos resolveu agir e diretamente de Braga para a todo o país surge o “Manifesto Contra a Indiferença”. Este movimento apartidário tem como objetivo que as instituições, escolas, partidos políticos e outros congéneres ergam os braços e combatam a abstenção devendo, para isso, proporcionar a reflexão à pergunta: Porque nos abstemos?


Para a JovemCoop este é um tema recorrente, pois consideramos que é necessário (re)aproximar os cidadãos da vida política da sua cidade. Acreditamos que, ao longo dos anos, a população foi seguindo o caminho mais fácil, pois fácil é abster-se e, no final, contestar resultados. No entanto, é preciso combater este ciclo vicioso que se vive na política nacional, particularmente na política bracarense. Afinal, nas últimas eleições autárquicas, a abstenção ultrapassou os 40%, e caso esses cidadãos abstencionistas tivessem ido às urnas, os resultados finais  poderiam encorpar ou ser completamente diferentes dos votos escrutinados. 


O que entendemos ser a verdadeira missão deste manifesto é combater a abstenção e levar um maior número de eleitores às urnas nas próximas eleições autárquicas, que ocorrem ainda este ano. 


É urgente que se reconheça este afastamento dos portugueses da política e que se organizem novas estratégias para fomentar uma aproximação. 


São duas as eleições que ocorrem enquanto atravessamos um momento de pandemia, o que podia ter despoletado uma modernização na deslocação às urnas. Reconheçamos que ninguém gosta de passar, por vezes, horas numa fila à espera para votar. Numa era em que a sustentabilidade tem tanto valor, devemos considerar, também, todo o papel que é utilizado numas eleições, desde cartazes, até aos boletins de voto, passando pelos cadernos eleitorais, sendo verdade que, em pleno século XXI, todo este processo devia ser modernizado de forma a utilizarmos a voto eletrónico através de vários pontos, evitando assim os ajuntamentos nas secções de voto. 


Contudo, enquanto tal modernidade ainda não chega até nós, não a usamos como desculpa para não votarmos. Lembremos que em tempos de pandemia, aceitamos aguardar numa fila para entrar numa superfície comercial, aceitamos todas as regras de higiene impostas pela DGS para que seja possível voltar à normalidade possível. Desta forma devemos estar conscientes que VOTAR, além de um dever, é SEGURO!


Acreditamos que este manifesto vem numa altura ideal, quando se começam a conhecer os candidatos às autárquicas, quando se inicia uma época de campanha, quando se deve falar de política, tendo a premissa que discutir a abstenção é discutir política. 


O Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República e o Primeiro-ministro já receberam o Manifesto, que é, acima de tudo, mais uma prova de que quando os cidadãos se importam, eles conseguem intervir na vida política do nosso país. 


Despedimo-nos deixando no ar a pergunta que o Manifesto Contra a Indiferença levanta: “Porque nos abstemos?