31 de março de 2020

Crónica "A JovemCoop fica em casa!"



A JovemCoop fica em casa!

Nos dias que correm, a humanidade enfrenta um dos seus maiores desafios. Certamente nenhum de nós esperava viver uma pandemia… mas afinal o que é uma pandemia?

A palavra pandemia deriva da junção das palavras gregas pan (παν) que significa “tudo/todos” e demos (δήμος) que significa “povo”; falamos, assim, de uma epidemia que se espalha por “todo o povo”, ou seja, pela população mundial.


Se olharmos para a nossa história, infelizmente, este não é o primeiro caso de pandemia registado. Lembramos a “Peste Negra” que, em meados do século XIV, reduziu a população da Europa a dois terços, e o “Tifo” que surgiu nos finais do século XV e voltou no século XX durante a Segunda Guerra Mundial. Hoje vivemos “mais uma pandemia”, mas desta vez é diferente, desta vez todos nós, sem qualquer exceção, temos um papel fundamental nesta batalha mundial.

Hoje o combate a uma pandemia deveria ser muito mais fácil do que em qualquer um dos séculos anteriores. No meio da infelicidade, somos uma geração privilegiada por atravessarmos esta difícil guerra numa era altamente tecnológica. Pense como seria inviável, no século XIV, pedir à população que ficasse em casa, que lavasse as mãos com água e sabão ou que desinfetasse as mãos e as superfícies. Hoje temos tudo isso ao nosso rápido alcance. Enquanto associação que valoriza o património e privilegia o contacto com a natureza, percebemos a necessidade de nos readaptarmos às condições atuais e ficarmos em casa.  

Grande parte da população tem um conforto mínimo dentro de casa; temos a televisão que nos mantém sempre informados e conectados com o que se passa pelo resto do mundo; temos o telefone, que nos permite comunicar com todos aqueles que nos são próximos; temos tudo o que precisamos à distância de um “click” com a internet. Desde o início desta pandemia foram mais de 500 os museus que disponibilizaram visitas virtuais, podendo, assim, aproveitar para viajar sem sair do sofá. Foram também muitas as universidades que disponibilizaram cursos on-line gratuitos, logo, porque não aproveitar o tempo em que está por casa para aumentar o conhecimento naquele hobby de que tanto gosta? Quase ao mesmo tempo em que o Governo decreta o Estado de Emergência surgem muitas iniciativas culturais on-line. Na impossibilidade de se deslocar para usufruir de um programa cultural, as iniciativas chegam até nós através de páginas nas redes sociais que permitem a visualização de concertos em direto realizados por artistas nacionais e não só. Seguindo este excelente exemplo, no passado fim-de-semana, a Junta de Freguesia de S. Victor promoveu dois concertos com jovens músicos. Nós assistimos e garantimos que foi uma excelente iniciativa que deveria acontecer mais vezes. Através da internet temos ainda aplicações que nos permitem falar em grupo, quer para reuniões de teletrabalho, quer para juntarmos a família virtualmente.

Todas as opções dadas até agora foram claramente tecnológicas, mas se preferir aproveitar estes dias para se desconectar do mundo também o pode e deve fazer. Se tiver jardim, junte os habitantes de casa e faça um picnic; e senão tiver jardim, pode sempre fazer na sala. Podemos, também, fazer um exercício de criatividade e olharmos para os materiais que temos em casa, nomeadamente os que vão para a reciclagem e dar-lhes uma segunda vida, fazendo fantoches, marionetas, pinturas… é só dar asas à imaginação e logo verá os resultados engraçados que podem surgir. Se não tem crianças e não gosta de trabalhos manuais, porque não aproveitar para (re)ler aquele livro que vai adiando por falta de tempo?

Hoje a sociedade reinventa-se para que a vida continue com a “normalidade possível” e isso é realmente algo que devemos valorizar. A capacidade que o ser humano tem de se adaptar às novas situações é algo único e bonito de se ver. Bonito de se sentir é ainda o espírito solidário. A população uniu-se para bater palmas aos profissionais de saúde, fazendo com que, numa cidade onde outrora se ouviam os sons do trânsito, se ouvissem, em uníssono, as palmas que, por vezes, acompanhavam o hino nacional. O espírito solidário invadiu o coração de muitos que noutros tempos não conheciam os vizinhos, mas hoje voluntariam-se para fazer as compras por eles de forma a que não tenham de sair de casa. Também as instituições foram ágeis e mostraram logo vontade de ajudar todos os que precisam. A Junta de Freguesia de S. Victor disponibilizou voluntários que, devidamente identificados, levam os bens de primeira necessidade àqueles que, por pertencerem a um grupo de risco, não podem sair de casa. Como não podia deixar de ser, a JovemCoop depressa se disponibilizou também para ajudar. Hoje, apenas apelamos a que fiquem em casa, e, se conseguirem, espreitem as nossas sugestões nas redes sociais pois #aJovemCoopficaemcasa e promete trazer-lhe alguns desafios para os momentos menos ocupados. 

3 de março de 2020

Braga, uma Cidade Culturalmente Feliz


Braga, uma cidade culturalmente Feliz

Sendo Braga considerada a urbe mais feliz de Portugal, achamos que deveríamos refletir um pouco sobre a nossa cidade. Afinal… o que é Braga? Quem é Braga? São questões que todos nós devemos refletir e até ousar responder. 

Consideramos que somos uma cidade culturalmente ativa e que se orgulha de envolver cidadãos e entidades na sua vida cultural. Reconhecemos que ainda muito podemos crescer e melhorar, mas temos já uma cultura transversal para todos os gostos e, admitindo que nem sempre o fazemos, vamos cada vez mais valorizando o nosso património. 

Nos dias de hoje, é quase impossível discutir o espaço cultural do concelho de Braga sem referir o “programa” Braga Cultura 2030. Recentemente apresentado, este programa de valorização cultural assenta na premissa da cultura inclusiva, eclética, democrática, de todos e para todos. Aquando do anúncio da apresentação da estratégia cultural para uma década (sim, dez anos de intensa atividade cultural), algumas vozes criticaram o facto de a apresentação vir a acontecer numa antiga escola localizada numa freguesia periférica. 

Ora, que melhor sinal a dar à comunidade senão descentralizar esta ação? A cultura é a identidade de um povo e a “nossa cultura” não se faz somente no centro urbano. Democratizar o acesso às iniciativas culturais e apostar na capacitação de novos agentes e na formação de públicos, envolvendo todos estes atores numa estratégia é, no mínimo, arrojado. Por isso,admitimos ter grandes expectativas para este desafio,liderado pelo Município de Braga e pelo Theatro Circo. A Estratégia Cultural de Braga 2020-2030 admite que “identifica a cultura como um dos pilares de desenvolvimento sustentável de uma cidade”, o que nos leva a acreditar que, com o início desta nova década, a vida cultural da cidade levará um grande impulso,tornando-se ainda mais rica e participativa. Através do sitewww.bragacultura2030.pt, todos os bracarenses sãoconvidados a participar na apresentação do programa, que garantem não estar fechado, pois deverá ser preenchidopelas sugestões de todos os cidadãos. 

O facto de este projeto ter sido apresentado na Escola de Oliveira (São Pedro) mostra-nos que ele irá influenciar toda a região. É louvável a descentralização dos eventos da cidade, pois Braga vai muito além do seu centro histórico. Aliás, muitos dos nossos marcos históricos ancestrais residem precisamente nas freguesias com cariz mais ruralizado, por isso, o público urbano hoje surpreende-se com as recriações etnográficas dos Grupos de Folclore, quando “Botam as Almas”, simulam “as Vindimas”, o “Lavar da roupa” e até o “malhar o centeio”. Mas é também necessário promover o intercâmbio cultural, levando às periferias as manifestações culturais da arte contemporânea. Como não lembrar o relevante papel da Galeria Mário Sequeira, em Tibães? É esta troca de experiências que nos torna mais ricos enquanto sociedade.

Estamos expectantes com o desenvolvimento da Estratégia Cultural Braga 2020-2030. Pensamos nós que a marca desta estratégia é deixar de pensar, de forma avulsa, os eventos e planear com as pessoas e com as entidades uma estruturação cultural que capitalizará o nosso concelho como exemplo para outras regiões. O facto de sermos a capital do Eixo Atlântico, ao qual pertencemos desde 1992e de termos o projeto Braga Cultura 2020-2030 poderá ser uma alavanca para nos prepararmos e termos uma boa candidatura a Capital Europeia da Cultura em 2027. 

Braga já deu provas de que pode ter uma elevada adesão aos eventos culturais, e esta estratégia pode ser a aposta encorpada na formação de públicos. Com o passar dos anos, as portas do Theatro Circo foram abertas à cidade e hoje são muitos os bracarenses que visitam aquele espaço com maior regularidade. Para ajudar a perceber melhor a vida cultural da cidade, poderá dar o seu testemunho no projeto bragacultura2030 entrando no site e preenchendo o questionário “Que cidade é esta?”. Nós já o fizemos erecomendamos que o faça com tempo, pois o questionário dá espaço para a reflexão. Este questionário é mais uma prova dada de que o projeto Braga Cultura 2030 pretende incluir os cidadãos. 

A JovemCoop estará disponível para abraçar todos os desafios que poderão surgir ao longo desta década, mas,acima de tudo, estaremos sempre prontos para refletir sobre a nossa cidade, pois só assim poderemos melhorar. Consideramos que somos uma cidade culturalmente feliz, pois temos uma existência repleta de eventos. Agora deixamos as questões do seu lado e desafiamo-lo a responder: Caro leitor, tem uma vida culturalmente feliz? Participa, efetivamente, em todas as atividades que gostaria? 

Dê uma vista de olhos pela Braga Cultural, aproveite para entrar no espírito que tanto caracteriza a nossa cidade e deixe-se levar pelas comemorações da Páscoa que estão aí a chegar.