"Correio do Minho" 29/11/2011
JOVENS DE BRAGA TERÃO “CONFIANÇA”
Aproximando-se o Natal, os bracarenses foram brindados com um presente por parte da autarquia. O executivo municipal aprovou a compra das instalações da antiga Fábrica Confiança, imóvel com uma forte presença na Rua Nova de Santa Cruz.
Esta compra foi aprovada com exaltação positiva, por parte de uns, e olhada com forte desconfiança, por outros. Percebe-se, naturalmente, o porquê desta desconfiança.
Em tempos de crise financeira e sabendo que o nosso município se prepara para investir fortemente num programa de regeneração urbana alicerçada no Centro Histórico de Braga e Zona dos Galos, deduz-se que haverá uma forte comparticipação dos fundos comunitários, da qual não se pode esquecer a contrapartida nacional, que a julgar pelos montantes do projecto será, com certeza, elevada. E fica a dúvida no ar…terá a CMB saúde financeira para realizar tantos projectos? É que além dos investimentos a realizar no âmbito do Centro Histórico, temos ainda aqueles que serão realizados ao abrigo da Capital Europeia da Juventude 2012 (a Pousada da Juventude em Real e o GeNeRation no antigo Quartel da GNR).
Se somarmos a estes investimentos o montante que a autarquia paga pelo Novo Estádio de Braga e as Piscinas Olímpicas do Parque Norte, cuja estrutura começou a ser construída, mas que já se afigura como uma obra de Santa Engrácia, só podemos prever que há uma dotação financeira muito grande, alicerçada no esforço dos contribuintes, que têm de pagar taxas elevadas nos impostos municipais.
Obviamente que queremos que Braga seja uma cidade dinâmica e competitiva, mas os resultados futuros têm de ser à escala dos sacrifícios cometidos no presente.
No último Sábado, o senhor Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares afirmou que Portugal tem hoje a geração melhor preparada para enfrentar o mercado de trabalho, mas curiosamente incentivou esta mesma geração a abrir portas à sua inserção na laboração no estrangeiro, pois reconhece que o País hoje não comporta muitas hipóteses de empregabilidade.
Se por um lado é desmotivador encarar esta realidade – os sucessivos governos apostaram em subir os rankings da educação para agradar à Europa, mas esqueceram-se de dotar o país de condições para albergar os novos trabalhadores – por outro lado é preferível não termos de viver com ilusões. Portugal poderá vir a contar com os jovens, mas para já, não tem hipótese de lhes garantir sustento.
E naturalmente reflectimos…então Braga está a regenerar-se para quê? Para o ano Braga vai ser Capital Europeia da Juventude para quem? Perante as adversidades não podem os jovens desistir e há que fazer aquilo que os jovens fazem bem – ser criativos, determinantes e lutadores. Quem ler as revistas generalistas semanais, percebe que estes títulos usam recorrentemente da temática dos “novos negócios” e de “desempregados a patrões”, isto é, há que saber ler o mercado, pesquisar financiamentos e investir numa oportunidade. As revistas não costumam falar das tentativas falhadas, mas claro que quem investir tem de ter consciência do risco. Mas há, pelo menos, uma janela que se abre no panorama obscuro. E aí, a criação de negócios, que sejam alocados num imóvel tipo “Incubadora de Empresas”, “Business Factory” ou “Indústrias Criativas”, em pleno centro histórico reabilitado facilitará a progressão dos novos investidores. E aqui, poderá diminuir a esperança de termos de assistir a um novo fluxo migratório. E aqui, a CMB está a agir correctamente se estiver a preparar Braga com estruturas e eventos para dotar os jovens de ferramentas para competirem profissionalmente. E aqui, as antigas instalações da Fábrica Confiança depois de reabilitadas podem ser um excelente local para assentar jovens com vontade de fazer prosperar o seu país. Só precisamos que os gestores de Braga saibam gerir a cidade com a vontade de fazer um óptimo serviço público, no agora e para o futuro.
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