2 de fevereiro de 2021

Crónica "A Pandemia e tudo aquilo que afeta"

 



A Pandemia e tudo aquilo que afeta


Vivemos o rescaldo de uma das eleições presidenciais que mais polémica gerou no nosso país. Já é habitual termos candidatos de partidos opostos, que causam sempre alguma controvérsia durante a campanha eleitoral e, infelizmente,como já seria de esperar uma elevada abstenção por parte dos eleitores. Contudo este ano, o facto de termos um candidato de extrema direita com tanto mediatismo, deveria alertar-nos para o rumo que o país está a tomar. Assim como o facto dos resultados obtidos, por esse candidato, serem   verdadeiramente preocupantes. Igualmente impactante na sociedade é o facto da abstenção rondar os 60%. Já pensou se amanhã nas notícias dissessem que todos os portugueses perderam o direito ao voto, estando o poder de eleger os governantes do país, apenas em alguns políticos? Certamente seria revoltante e nessa altura todos se iriam querer pronunciar. É certo, que o facto de vivermos num estado de emergência, afastou muitos eleitores das urnas, contudo será essa justificação válida?
A verdade é que mais do que nunca foi dada a possibilidade do voto antecipado, e para aqueles que não o solicitaram e foram votar no dia 24 de Janeiro, perceberam que foram tomadas medidas para que cada um pudesse exercer o seu direito em segurança. Todos os Jovens Cooperantes que se dirigiram às urnas partilharam uma opinião bastante positiva da experiência. Salvaguardando que somos de freguesias bastante distintas, damos como um excelente exemplo as medidas tomadas pela Junta de Freguesia de São Victor, que sendo a freguesia com maior população de Braga, conseguiu que todos os eleitores votassem em segurança. Para quem conhecia a organização da freguesia em eleições anteriores, desta vez foi surpreendido pela reorganização da Escola Secundária Carlos Amarante, trocando as habituais salas pelo pavilhão, e deixando de ter as pessoas a percorrerem os corredores entre os dois pisos habituais optando por usar apenas um andar. O facto de terem optado pelo piso térreo facilitou não só o cumprimento dos circuitos de segurança, como também a deslocação de pessoas com mobilidade reduzida evitando assim as habituais escadas, que nem todos percorriam com a mesma facilidade. 

Deste modo, por todas estas razões, lamentamos uma taxa de abstenção tão alta, reconhecendo ainda assim que a pandemia terá certamente afastado os eleitores mais receosos das urnas. A verdade é que Portugal vive, neste momento, o seu décimo estado de emergência. O que significa que voltamos a atravessar um período de provações, agravado pelo tempo. Hoje, mais do que nunca, devemos pensar no aumento do desemprego que esta pandemia está a gerar, são cada vez mais as famílias que precisam de apoio, e que não podem ficar “apagadas” pelo foco no combate direto com os casos de infectados. Combater a pandemia é também prestar apoio a quem mais precisa, pensar não apenas nos casos positivos, mas também nos desempregados e nas pessoas isoladas. Combater a pandemia é pensar nas pessoas sem descurar a cultura e o património. 

Talvez se aproveite este tempo em que nos vemos obrigados a parar para pensarmos em projetos futuros. É urgente proteger o património do nosso país, mas também da nossa cidade. Feliz ou infelizmente, são inúmeros os edifícios com interesse histórico e arquitetónico na nossa cidade, e o futuro de cada um deve estar a ser discutido nos tempos que correm. Esquecer a preservação e protecção destes locais, juntamente com a crise económica em que estamos a entrar, é fragiliza-los. Deixar edifícios devolutos, numa sociedade em crise, e numa cidade cada vez menos vigiada, pois todas as nossas forças estão direcionadas para combater a pandemia, é deixá-los à mercê de quem os quiser vandalizar, ou até invadir. 

Reconhecemos que a prioridade será sempre a vida humana, o proteger da população. Contudo é importante estar conscientes que combater a pandemia vai muito além disso, e que existem muitos outros fatores secundários que sofrem com a pandemia e que necessitam da atenção. Durante os próximos tempos, caro leitor, fique por casa, é tudo o que lhe podemos pedir.