14 de fevereiro de 2015

Diário da Cooperante #2

Perdida em Valência
               

               

O primeiro dia começou logo cedinho. Tínhamos um plano traçado. De manhã íamos comprar as coisas básicas para a nossa casa, à tarde íamos à universidade e, no final, tratar do passe de metro.
                A nossa manhã foi animada. Começamos por ir a um café perto de casa tomar o pequeno-almoço. Claro que o café tinha de ter internet…Todos tínhamos de ligar para casa para relatar como foi a primeira noite na nossa casa “nova”. (Todos vocês devem ter reparado que escrevi no plural, sim, eu não vim sozinha nesta aventura… Somos 4, duas raparigas e dois rapazes.)
                Depois de falarmos um bocadinho para Portugal fomos para rua, todos entusiasmados, fazer perguntas às pessoas. Nós queríamos saber qual era o supermercado mais barato, qual era a zona onde os estudantes estão alojados, qual é o melhor sítio para passear…
                Já com as compras feitas decidimos pôr pés ao caminho e ir procurar a universidade. A nossa senhoria tinha dito que ficava no centro, então a primeira coisa que fizemos foi perguntar como íamos para o centro. Estávamos todos ansiosos por conhecer a universidade e por ver um pouco da cidade. Uma das coisas que me surpreendeu bastante foi o facto de as pessoas serem muito simpáticas. A cada passo que dava via uma coisa diferente do que estava habituada. Por exemplo, as rotundas aqui são GIGANTES, imaginem, elas são tão grandes que até têm semáforos. Eu só pensava “ainda bem que não tenho de conduzir aqui”. Outra coisa que me deixou boquiaberta foi ver que as pessoas que estacionam em segunda fila deixam os carros destravados, sabem para quê? Para as pessoas que precisarem de sair empurrarem os carros e assim já conseguem sair. A primeira vez que vi isto acontecer fiquei mesmo espantada. E as pessoas aqui? São tão diferentes umas das outras. Cada uma com o seu estilo, cada uma com seu corte de cabelo diferente. Os jovens, sobretudo, pintam muito o cabelo com cores invulgares, azul, rosa, roxo, entre outros.
                Mas o encanto de conhecer a cidade começou a apagar-se. Descobrimos que andávamos perdidos há duas horas. Tinham-nos dado informações totalmente erradas. Nós queríamos ir para centro e estávamos a ir para o lado contrário. Quando nos apercebemos da distância que já tínhamos percorrido, desistimos e fomos apanhar o metro. E mais uma vez, perdemo-nos, pois saímos na paragem errada. Mas, pouco depois demos com o centro. Quando chegamos ao centro ficamos mais animados e começamos a procurar a universidade. Voltamos a perguntar às pessoas, mas ninguém sabia onde era o polo de Desporto. Comecei a achar tudo muito estranho, ninguém, mas mesmo ninguém sabia da universidade? Como era possível? Uma universidade não passa despercebida…
                Já fartos de andar às voltas, seguimos apenas o mapa. Lá constava 3 polos no centro, e como é óbvio, fomos ao mais perto, e adotamos o sistema tentativa erro.
                Nem queiram saber o que nos aconteceu… Não era nenhum desses polos! Ninguém sabia da universidade de Desporto! Foi inacreditável! Só me apetecia chorar e desistir de tudo. Era suposto a nossa casa ser perto, era suposto ser no centro, era suposto os outros polos saberem a localização. Mas não. Ficamos totalmente confusos e perdidos. Desanimamos completamente. Estávamos exaustos e fartos de andar às voltas. Desistimos… Em seguida fomos a correr para um café com internet para tentarmos perceber o que se estava a passar. Quando conseguimos falar com uns rapazes que já tinham estudado cá, ficamos sem chão, totalmente desnorteados. A universidade fica do outro lado da cidade… Nós moramos no Norte e a universidade fica para Sul. Eu só pensava: e agora? Não podemos mudar de casa, já gastamos tanto dinheiro este mês nela! Vamos perder a fiança! Estamos feitos! O que vamos fazer?
                Depois disto só me apetecia enfiar no quarto e chorar até não poder mais. Mas nem todas as notícias foram más. A senhora do café disse-nos que de metro chegávamos lá rápido, e explicou-nos os metros, (sim os metros porque temos de trocar) que tínhamos de apanhar até lá chegar.
                Fiquei mais descansada mas mesmo assim sentia-me “apagada”.
                Animei um bocadinho quando falei com a minha mãe e com os meus amigos. Senti-me mais confiante e perto deles. Graças aos meus amigos consegui acalmar-me. Eles incentivaram-me… Eles são o meu apoio… Claro que chorei muito mas senti-me melhor.
                Por hoje foram as minhas aventuras, espero durante o fim-de-semana ter coisas mais animadas para vos contar.

Beijinhos grandes cooperantes,


P.S Não se preocupem, isto há-de melhorar J

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