7 de março de 2017

Crónica "A Quaresma Bracarense"



A Quaresma Bracarense

Derivado da expressão latina quadragesima dies, o nome Quaresma caracteriza os quarenta dias que antecedem a Páscoa cristã. O Tempo da Quaresma vive-se, durante os próximos dias na cidade de Braga, de um modo bastante singular.

Conhecida como a “Roma Portuguesa” a cidade vive com todo o rigor este que é um tempo de sacrifício, reflexão e tradição. Precisamente por ser um período repleto de antigas e ímpares tradições, as celebrações da Quaresma são também um foco de atração turística da cidade. Um excelente exemplo dessa união que traz o passado até ao presente é a exposição patente no Museu da Imagem. “Lausperene” é uma exposição que demonstra como uma das devoções do século XVIII chega até ao culto actual. Enraizada na cultura bracarense, a visita ao Santíssimo Sacramento, exposto por diversas igrejas e capelas da cidade, é um hábito no quotidiano da população.

Para a JovemCoop, o Lausperene Quaresmal é também uma oportunidade de todos conhecerem melhor o património da cidade de Braga. São cerca de 23 templos que deixam as suas portas abertas para quem quiser entrar. Não só os devotos, mas também muitos curiosos que passeiam pela cidade aproveitam para conhecer alguns dos templos que estão habitualmente encerrados. Por esse motivo, acreditamos ser relevante a recuperação de alguns destes templos que são de elevada qualidade. Espalhados um pouco por toda a cidade, estes templos incluem no seu interior tribunas mais ou menos ornamentadas e custódias patrimonialmente ricas. Toda esta singularidade que constitui o Lausperene Quaresmal, deve ser, na nossa opinião, considerada uma mais-valia para promover a cidade.

No entanto, para se promover, também é preciso saber acolher. Estará a cidade de Braga verdadeiramente preparada para acolher aqueles que desejam conhecer de perto as tradições típicas da cidade?

Acreditamos que ainda muito pode ser feito para divulgar o Tempo Quaresmal da cidade. Aumentando, por exemplo, os materiais de promoção e alargando-os ao público, pois apesar da forte divulgação da Semana Santa Bracarense, a Quaresma inicia-se muito antes, e está repleta de tradições e histórias por vezes pouco divulgadas. Um outro ponto facilmente aperfeiçoado é a sinalética interpretativa nos monumentos, pois falta adossar mais conteúdo e informação aos locais, de forma a despertar a curiosidade aos visitantes. Deveria, ainda, existir um maior cuidado em manter os monumentos abertos, neste tempo em que a cidade se enche de turistas que vêm conhecer a nossa cidade. Complementar o acolhimento com brochuras informativas poderá ser uma alternativa que faça despertar a quem nos visita a vontade de cá voltar para conhecer melhor as nossas tradições. Também os mapas disponíveis no Posto de Turismo podem melhorar, pois além de estarem já ultrapassados, porque não realizar um roteiro específico para aqueles que nos visitam em particular nesta época do ano?

Nesta fase é necessário reflectir sobre o que faltará divulgar, mas acima de tudo sobre o acolhimento que pode ser feito aos turistas. Pois Braga é uma cidade ímpar no que diz respeito às tradições, com especial destaque para as tradições de carácter devocional que nos projetam a nível nacional e internacional, pelo que importa que a saibamos valorizar.

A si, caro leitor, desejamos que se deixe envolver pelo espírito que salpica a cidade de roxo, e venha conhecer as tradições bracarenses.

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