in Correio do Minho - 07/01/2014
As Sete Vidas de Braga
Nada melhor do que começar este novo ano a escrever sobre vida. Sobre a vidaque nasce na cidade de Braga e que muitos tentam esquecer ou ignorar. Referimo-nos ao Monumento Nacional das Sete Fontes. Uma fonte não só de água, como também da história da cidade.
As Sete Fontes são um monumento ímpar no património nacional. Apesar da sua unicidade, este monumento encontra-se sobre ameaças constantes e, por esse motivo, é uma das nossas principais preocupações/prioridades.
Desde 2005 que a JovemCoop tem vindo a conhecer o complexo das Sete Fontes e é, também, desde o mesmo ano que lutamos pela sua salvaguarda. Por cada viagem que realizamos a este complexo, quer a título próprio, quer em parcerias com outras entidades, apercebemo-nos de uma nova particularidade, de um novo pormenor que ainda não estava registado. Este é um dos principais motivos pelo qual quem visita as Sete Fontes nunca o faz por uma vez apenas. No final dos percursos, a vontade de voltar é comum a todos os participantes.
Devido a toda a sua importância histórica e patrimonial, o estudo arqueológico foi uma premissa que a JovemCoop sempre defendeu. Com demora, ora a CMB, ora proprietários de terrenos encomendaram à Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho trabalhos arqueológicos.
O resultado pode ser lido no portal do arqueólogo, plataforma on-line da Direção Geral do Património Cultural: No terreno intervencionado foram identificados vestígios de estruturas de muros de suporte de terra, de um reservatório ou "poça" de rega e do alicerce de uma parede, em associação com instrumental lítico de moagem manual e com cerâmica doméstica, esta última com uma cronologia balizada entre os séculos IV e VII. (…) Os vestígios agora encontrados de uma ocupação de época romana tardia e suevovisigótica relacionados com a exploração agrária na zona das Sete Fontes vêm, assim, confirmar a existência de um povoamento rural contemporâneo da Bracara Augusta romana e da Bracara suevo-visigótica (…) permitiu identificar várias fases de construção, ampliação e melhoramento do sistema de captação de água das Sete Fontes, relevando uma fase monumental atribuível aos finais da Idade Média, muito provavelmente da iniciativa do arcebispo D. Fernando da Guerra (1428-1433).
Mas a importância deste complexo ganha expressão pelos espaços verdes e pelos lençóis de água. Continuamos a aguardar os resultados públicos do estudo hidrogeológico, para que se defina as áreas freáticas a proteger.
A suspensão do Plano Director Municipal (PDM) na zona das Sete Fontes, foi um grande passo do executivo da CMB para avaliar os índices de proteção, para melhor respeitar os direitos dos proprietários privados, mas salvaguardando o interesse público. Esta foi a primeira atitude concreta da Câmara Municipal com vista à real proteção e salvaguarda das Sete Fontes e de toda a sua envolvente. Esta suspensão preconizada pelo vereador Miguel Bandeira, que pelo seu trabalho e pelo seu passado nesta luta, dá-nos a garantia que esta é uma decisão que fará história na forma de tratar o património.
Aproveitar este espaço para fazer o Parque que a cidade ainda não tem, onde todos poderão deliciar-se com a sua envolvente é privilegiar a “vida”, visível na sua área verde, nas mães de águaque brotam água sem cessar, no canto dos pássaros.
Este será um local para passear, para praticar desporto, um espaço onde a partilha será uma constante.
Parece-nos que neste ano que agora começa, a valorização deste espaço fará de Braga uma cidade mais rica não só de história, como também devida. Caso ainda não conheça esta maravilha, fique atento às atividades JovemCoop, pois em breve iremos promover uma iniciativa nas SeteFontes.
Um bom ano para si, caro leitor e que 2014 só lhe traga motivos para sorrir.
* Coordenadora Geral da JOVEMCOOP- Jovem Cooperante Natureza/Cultura
(Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)
http://www.correiodominho.com/cronicas.php?id=5603
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