"Diário do Minho" 05/010/2013
O terreno da Quinta dos Peões desde há muitos anos que é alvo de várias polémicas, todas elas associadas a negócios em teias complexas, que favorecem a construção, seja de privados, seja para a Universidade do Minho, sem prever a hipótese de manter ali um espaço verde, fruível pela cidade.
Para ali esteve previsto o Parque Verde Nascente, após ter dali desaparecido o campo experimental de milho. A solução de Parque Verde era uma agradável surpresa à data, pois na altura em que outras cidades constituíram zonas ambientais urbanas, Braga parecia querer acompanhar essa tendência.
Infelizmente, Braga manteve-se fiel a si própria e não albergou ali um parque verde e o terreno, que era público, foi vendido a privados. E aqui é que se vê como Braga se deixou atrasar em matéria de planeamento e políticas ambientais, relativamente às cidades vizinhas. Os interesses privados que privilegiam a construção tiveram mais força do que a necessidade de reservas verdes.
Passados tantos anos, este assunto mantém-se actual, sobretudo agora que a CMB, a Universidade e a empresa proprietária do terreno chegaram a um acordo de urbanização. O modelo de urbanização, apesar de prever estruturas para a Universidade do Minho, mantém uma série de novas construções, chegando mesmo a suprimir ou secundarizar a estrada nacional que atravessa a recta da universidade.
Uma vez mais, o erro de alienar aqueles terrenos foi cometido há 15 ou 20 anos, com um planeamento avulso para aquela zona, cuja envolvente cresceu desordenada (a universidade que cresceu para cima de um bairro, os prédios amarelos que circunscrevem a zona ocidental de forma complexa, um Mac'Donalds perdido ali no meio e o Hotel Mélia numa escala que rompe a leitura do local).
Agora, o executivo municipal deveria chegar um entendimento com os proprietários para desenvolver um novo principio organizativo daqueles terrenos. As necessidades de há 15 ou 20 anos atrás já não reflectem as necessidades actuais e a cidade deve prever um conjunto de áreas e ou equipamentos que sejam necessários para a actualidade e para o futuro, acção que deve ser baseada em estudos de análise.
Para reflexão: Se a cidade está sobrelotada de imóveis vazios; Se requalificando o PEB não há necessidade de um Centro de Congressos; se a cidade precisa de espaços verdes; se a Universidade e a Associação Académica puderem encontrar outras soluções razoáveis para os equipamentos de que necessitam ( e têm capacidade de pagar), então...o actual projecto de urbanização deve ser revisto e reorientado para as necessidades da cidade.
Porque não ser ali um prolongamento do espaço verde do Bom Jesus, tal como o próprio município advogou para as obras no Monte Picoto (cuja Parque intervencionado seria prolongado com o Parque da Ponte)?
Além do mais, como alerta o Arqueólogo Francisco Sande Lemos, há necessidade de efectuar trabalhos arqueológicos prévios, tentando minimizar os impactos que tais construções possam vir a ter no subsolo. Havendo a possibilidade de encontrar vestígios da Via XVII e equipamentos adjacentes, património que foi valorizado aquando da intervenção no Liberdade Street Fashion, este seria um sinal de coerência relativamente ao património cultural.
Um desafio para o novo executivo municipal...
Relembrar aqui o Entre ASPAS sobre a Quinta dos Peões
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