18 de agosto de 2012

Natureza...uma aposta do Turismo

"Correio do Minho" 12/08/2012

Para começarmos a falar em Turismo de Natureza é necessário, antes de mais, dar a conhecer o que é o Turismo de Natureza, para tal baseamo-nos num estudo feito pela THR (Asesores en Turismo Hotelaría y Recreación, S.A.) para o Turismo de Portugal, IP, em 2006.


O Turismo de Natureza pode dividir-se em Turismo de Natureza soft e Turismo de Natureza hard. O Turismo de Natureza soft pode definir-se como a prática de actividades ao ar livre de baixa intensidade. Este tipo de Turismo de Natureza representa 80% do total de viagens de Natureza. Já o Turismo de Natureza hard pode definir-se como a prática de desportos na natureza e/ou actividades que requerem um elevado grau de concentração ou conhecimento (tal como o birdwatching) e representa 20% do total de viagens de Natureza. Cada um destes tipos tem diferentes perfis de consumidor e diferentes exigências.

Quanto ao perfil dos consumidores de Natureza soft são maioritariamente famílias com filhos, casais ou reformados, que podem ou não vir em grupos de amigos, que obtêm as suas informações sobre os destinos através de informação interpessoal e de brochuras e que compram as suas viagens através de agências de viagens e call centres. Este tipo de turistas fica alojado em pequenos hotéis de 3-4 estrelas e em casas rurais, viaja maioritariamente no Verão, na época de férias e uma ou duas vezes por ano. Procura actividades que lhes permita descansar, caminhar e descobrir novas paisagens, visitar atractivos interessantes e actividades relacionadas com fotografia.

Por outro lado, os consumidores de Natureza hard são maioritariamente jovens entre os 20 e 35 anos, estudantes ou profissionais liberais e praticantes ou aficionados de desportos ou actividades de interesse especial. Estes informam-se em revistas especializadas, em clubes/ associações e na internet, que utilizam também para comprar a sua viagem assim como associações especializadas. Estes turistas ficam alojados em alojamentos integrados na natureza, como parques de campismo ou casas de campo, Bed & Breakfast ou em refúgios de montanha, viajam na Primavera e Verão, dependendo do tipo de actividade ou desporto que vão realizar, individualmente ou em grupo de amigos, com muita frequência (até 5 vezes por ano). Procuram actividades e desportos de interesse especial, aprofundar o conhecimento da natureza e educação ambiental.

Explicados agora estes dois tipos de Turismo de Natureza, vejamos o Turismo de Natureza como um todo.

O Turismo de Natureza como principal motivo da viagem representa 9% do total das viagens de lazer realizadas pelos europeus (22 milhões de viagens internacionais, de uma ou mais noites de duração, por ano na Europa). Estas viagens têm registado um crescimento à volta dos 7% ao ano entre 1997 e 2004. Os principais mercados emissores são a Alemanha e a Holanda e 85% das viagens têm a duração de mais de 4 noites.

Quanto ao Turismo de Natureza como motivo secundário da viagem (ou seja, a viagem foi realizada com outras motivações, como o turismo de sol e praia, mas foram realizadas actividades relacionadas com a natureza quando se encontravam no destino), conseguem-se 30 milhões de viagens por ano na Europa, com gastos variáveis (quanto mais específico e especializado é o serviço/produto consumido, maior é o gasto dos turistas). Assim é normal que os gastos que os turistas têm com o Turismo de Natureza soft sejam menores do que os gastos com o Turismo de Natureza hard, variando os gastos de Turismo de Natureza soft entre os 80€ e os 250€, os gastos com o Turismo de Natureza hard serão ainda maiores, o que é benéfico para o destino

O Turismo de Natureza é um sector jovem, pouco estruturado e que inclui uma grande variedade de motivações e actividades, o que leva a que o conceito seja de ampla e difusa interpretação. Ainda assim, espera-se um aumento geral do potencial de compra de viagem de natureza devido a factores como a tendência global para uma maior consciencialização ambiental, a procura de destinos não degradados e não massificados e o efeito “moda”.

É, contudo, necessário e importante perceber que um destino não pode confiar exclusivamente no valor intrínseco da atracção dos seus recursos naturais (beleza, singularidade, etc.) para atrair visitantes e descurar a criação de condições necessárias para que, nesses recursos naturais, o visitante possa viver experiências inesquecíveis. O destino necessita de deixar marcas profundas e duradouras no visitante, fazendo do visitante um protagonista activo e não um mero observador de cenários naturais.

Destinos como a Irlanda e Astúrias são bons pontos de referência para os destinos que queiram sucesso no Turismo de Natureza. Para isso são também necessários factores básicos como a diversidade de recursos naturais, a existência de espaços naturais protegidos (Parques Nacionais, Reservas Naturais, etc.), boas acessibilidades, limpeza e conservação das zonas envolventes e factores chave como a organização e adaptação dos recursos naturais para o seu uso turístico através da regulamentação clara e rigorosa para proteger e conservar os espaços naturais porém compatível com o seu uso turístico, uma ampla e variada oferta de actividades, rotas e circuitos para percorrer, empresas operadoras especializadas, guias, etc.

No caso específico português, a maioria dos parques naturais são deficitários nas infraestruturas e serviços (carecem de serviços de apoio ao turista como material informativo ou centros de informação ao visitante). Existe, em Portugal, uma inadequação da legislação que regula a utilização turística dos espaços protegidos, numa perspectiva de preservação e sustentabilidade do património natural, que permita o seu aproveitamento, o que se torna em mais um entrave ao bom desenvolvimento do Turismo de Natureza em Portugal. Não existe ainda uma gestão turística dos espaços naturais, ainda que existam suficientes argumentos e exemplos que demonstram que, devidamente regulamentada, a utilização turística pode contribuir significativamente para gerar recursos económicos que assegurem a conservação e a manutenção destes espaços.

A procura de Turismo de Natureza em Portugal estima-se em 500 000 pessoas, dos quais 96% são nacionais. Dos 4% estrangeiros, a maioria tem o Turismo de Natureza como motivação secundária, o que reflecte duas coisas: a primeira é o fraco posicionamento de Portugal como destino para viagens de Turismo de Natureza no mercado internacional como motivo principal e a segunda é a importância do conceito “procura secundária”.

Segundo um estudo feito, os principais impedimentos/obstáculos para o desenvolvimento do Turismo de Natureza em Portugal são a falta de promoção, a impossibilidade de venda de alojamento, a legislação inadequada e a falta de apoio financeiro adequado.

Quanto a prioridade de mercado, os primeiros países prioritários são a Alemanha, a Holanda e a Escandinávia, seguidos do Reino Unido e da França e finalmente a Itália, a Espanha e os Estados Unidos.

É necessária uma actualização na secção natureza do portal de turismo, tal como oferecer informação completa, detalhada e verdadeira sobra a oferta de Natureza soft em Portugal, combinar a informação de serviços turísticos com informações sobre o destino (atracções turísticas, distâncias sítios de interesse em Km, milhas e tempo, facilidades de transporte, possibilidades de entretenimento, etc.), condições climáticas do destino, melhores períodos para a realização de actividades de interesse especial, informação bilingue nos idiomas dos principais mercados emissores para Portugal (incluindo o Holandês).

A próxima linha de actuação para o desenvolvimento do Turismo de Natureza na Região de Porto e Norte de Portugal necessita de promover primeiramente um aperfeiçoamento dos serviços e equipamentos turísticos que servem de apoio ao visitante (ex. melhorar os serviços de transporte, sinalização, parques de estacionamento e centros de informação do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), assim como adequar o horário de abertura de restaurantes e outros serviços turísticos).

Outro ponto fulcral para Portugal são as questões de insegurança. Portugal, com o fim de reduzir a insegurança do turista quando realiza uma viagem de Natureza soft, deveria seguir directrizes como desenvolver um sistema de telecomunicação que permita a cobertura telefónica móvel nas áreas naturais de uso turístico, criar um selo de qualidade ambiental e fomentar a sua utilização por empresas turísticas que desenvolvam o seu trabalho no sector de natureza, controlar a segurança das infraestruturas e equipamentos de uso turístico, aplicar um sistema de penalização rigoroso às empresas que não cumpram coma normativa ambiental vigente, rever a informação dada aos turistas via intermediários e aplicar eventuais medidas correctivas, unificar sistemas de sinalização, tanto para atalhos como para estradas, para que seja clara e homogénea em todo o território, desenvolver serviços de emergência médica em todas as áreas naturais de uso turístico.

Estas informações foram retiradas do seguinte documento: http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/turismodeportugal/Documents/Turismo%20de%20Natureza.pdf

Texto de Inês Barbosa (Né)

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