5 de maio de 2011

Fábrica Confiança e o nosso Património

"Correio do Minho" de 05/05/2011

Infelizmente não é a primeira vez que assistimos a problemas dentro das antigas instalações da Fábrica Confiança. Desde há muito tempo que as instalações são local preferencial para sem abrigos pernoitar e para consumo de estupefacientes.
Um local tão grande e com tão boas áreas podia (e devia) ser aproveitado para um projecto de índole cultural, sobretudo porque está às portas de servir a comunidade da Universidade do Minho e perfeitamente enquadrado com a cidade de Braga (entre o centro e a zona de expansão).
Porque não tornar as antigas instalações num pólo cultural, esse sim, que atrai espectáculos de cartaz e permita o desenvolvimento de vários movimentos.
Grande parte das Cidades de Portugal já readaptou um edifício histórico às necessidades culturais da sua comunidade. 
Relembramos alguns:

Aveiro - Centro Cultural e de Congressos
A modernidade das funções inserida na beleza e tradição da Antiga Fábrica de tijolos e telha Marselhesa : Jeronymo Pereira de Campos (fundada em 1896), fazem deste edifício um local óptimo para a realização de todo o tipo de eventos.


Cascais - A "Casa Cor-de-Rosa", antigo Convento de Nossa Senhora da Piedade 
Deu lugar ao novo  Centro Cultural  de  Cascais desde Maio do ano 2000 ,  revelando-se este um espaço útil e multifuncional .
A história do Convento, até 1834, está descrita na Crónica das Carmelitas Descalças, ordem religiosa que o ocupou até essa data. Depois de passar por diversos proprietários foi adquirido pelo Visconde da Gandarinha, em finais do século XIX, que ali mandou instalar o seu palácio de veraneio, loteando os terrenos circundantes. Já em meados do século XX o edifício foi adquirido pela família Espírito Santo e, em 1977, a Câmara Municipal de Cascais tomou posse, por escritura de doação, da Sociedade Casas da Gandarinha SARL, com a salvaguarda da gestão da capela pela autoridade eclesiástica local.


Guimarães - “Palácio Vila Flor” 
Este Palácio, adquirido pela Autarquia Vimaranense, a que as Memórias Paroquiais de 1758 se referem como sendo de “admirável na sua arquitectura e na grandeza e fábrica do jardim”..., hoje remoçado e equipado, é onde se instala o Centro Cultural Vila Flor.
Este grandioso projecto, que Guimarães exige e merece e a que a Câmara se lançou com determinação e arrojo, cumpre dois vectores absolutamente presentes na acção municipal. Por um lado recuperar espaços e edifícios de interesse patrimonial, imprimindo-lhes novas funcionalidades e disponibilizando-os à fruição pública. Por outro lado criar condições que garantam aos cidadãos o acesso às artes e à cultura num equipamento e em condições de excelência.

São João da Madeira - Museu da Chapelaria
Dentro deste edifício, que foi um dia o da Empresa Industrial de Chapelaria (1914), uma das mais importantes unidades fabris da cidade, nasceu o Museu da Chapelaria, neste edifício onde primeiramente a indústria foi mecanizada, nesta cidade que foi um dos principais e mais importantes centros produtores de chapéus do País. 
Quis-se perante as máquinas e ferramentas, matérias-primas e chapéus, memórias e histórias de vida, intervir o mínimo possível, mantendo visíveis todos os traços de um longo percurso, e não camuflar aquelas que são as suas marcas do tempo, que as individualizam e as tornam verdadeiramente únicas.

Embora a ideia não seja nossa, merece ser partilhada:

Braga - Fábrica Confiança


1 comentário:

Anónimo disse...

Estes incêndios são sempre bastante oportunos, e em edifícios que são sempre aliciantes em termos de possibilidades futuras constructivas.Em Braga, estes incidentes são recorrentes e, "felizmente", após o fogo extinto logo nasce por entre as cinzas um prédio novo em folha.Maior em área, mais alto, mais aberrante. Está para vir o dia em que de facto se assista à verdadeira reabilitação urbana, à regeneração de espaços inutilizados, ao reavivar de estruturas que fizeram parte da história da cidade. Até lá, vamos observando a cidade como Nero fez há quase 2000 anos...