4 de outubro de 2011

Crónica A Voz à Juventude (2) Correio do Minho

"Correio do Minho" 04/10/2011
TURISMO, PATRIMÓNIO E “EXEMPLOS”


Caro leitor, notícias recentes dão conta do aumento da procura turística de Braga.

Os estudos efectuados referem que o turista gasta uma quantia razoável por dia e que procura visitar monumentos de índole religiosa ou de cariz histórico patrimonial.

Este aumento turístico, baseado no interesse do turista/visitante em conhecer mais sobre a história da nossa cidade prova que a Indústria do Património impulsiona o turismo e gera receitas, além de criar movimento humano, sobretudo no Centro da Cidade. É uma nota positiva que os agentes promotores do turismo devem ter em conta, realçando o papel da Câmara Municipal de Braga (CMB) e, por exemplo, da TUREL.

É notável como, entrando na Sé Catedral, é cada vez mais frequente vermos vários grupos, acompanhados pelo seu guia-intérprete, contextualizando este monumento religioso em várias línguas (sinal de um turismo de várias nacionalidades).

É de destacar, também, a recente edição da Feira das Freguesias onde cada autarquia teve a possibilidade de divulgar as gentes, as acções e os monumentos de cada localidade. Mas o que atraiu imensa gente ao centro foi a Feirinha do Antigamente, com os produtos agrícolas e as acções quotidianas realizadas de forma tradicional e bastante artesanal. Quantos jovens ficaram a saber o trabalho, mas de forma animada, que dava desfolhar o milho? Quantas pessoas puderem recordar os cânticos entoados nas vindimas? E como foi bom observar jovens e adultos a rodopiar com os tradicionais dançares da nossa região?

Braga tem muito para oferecer a quem nos visita e de forma singular. Temos tradições originais e monumentos únicos capazes de fazer Braga competir com qualquer outro destino turístico. Congratulo a CMB pelo belo exemplo que deu à cidade.

Esta Feira das Freguesias tentou, ainda, dar enlevo ao facto de Braga acolher, em 2012, a Capital Europeia da Juventude. O stand foi brilhantemente concebido e estava bastante apelativo, faltando, contudo, haver maior empenho das associações nesta participação. No dia da inauguração, registámos que se fizeram representar unicamente quatro associações juvenis do concelho. É pouco para o que Braga possui nesta matéria e para aquilo que tem de dar no próximo ano. Mas também se destaca a forma pouco acolhedora que o executivo municipal teve para com as associações que se fizeram representar, pois entrando no stand, não foram capazes de parar para falar com os responsáveis das associações juvenis e saber quais as nossas expectativas para o próximo ano, ou tão só perguntar como corre o trabalho que vamos desenvolvendo ou as actividades que temos vindo a realizar. Disse-o na crónica anterior e reafirmo. Para sermos uma excelente Capital Europeia da Juventude, mais do que grandes financiamentos, precisamos, também, de palavras de incentivo e de saber que não trabalhamos isolados ou independentes, mas que temos uma forte parceria. Se os responsáveis do Município que geraram esta Capital da Juventude não forem os nossos primeiros parceiros, então, a CEJ2012 será um evento preenchido de conteúdos, mas vazio na aprendizagem, pois o primeiro objectivo a cumprir deverá ser o trabalho em cooperação e em rede.

Ainda no que concerne ao turismo de Braga, acrescento que as Sete Fontes já deveriam estar numa posição privilegiada nos roteiros. Recentemente, devastaram-se inúmeras árvores, subtraindo qualidade paisagística ao monumento e fazendo-nos reflectir o porquê de haver alguém com pressa de escapar ao Plano de Pormenor. É preocupante haver um embargo que demora treze dias a ser oficializado, sendo um péssimo exemplo à cidade de como defender a nossa cultura e proteger as nossas heranças culturais.

Precisamos que os bons exemplos superem os maus, criando nos jovens e em todos os cidadãos, matéria de orgulho na sua cidade, nas suas acções e tradições.


2 comentários:

miguel marques disse...

Ricardo,

Parabéns pela tua nova coluna no CM.

Concordo contigo mas no que concerne às sete fontes não te podes esquecer do seguinte: o sitio esta ao abandono nem tem as minimas condições de albergar visitantes.

Gostava ainda que se discutisse mais alguma coisa relativamente ao turismo porque creio que grande parte do turismo na cidade é o turismo religioso. As motivações iniciais dos visitantes são religiosas, os sitios arqueologicos veêm em segundo plano . Gostava de ver um estudo sobre as motivações dos visitantes.

Ricardo JovemCoop disse...

Miguel,
Obrigado pelo apoio e pelo teu constante acompanhamento ao nosso blogue e às nossas ideias.

Relativamente às Sete Fontes, o ideal é tornar o sítio visitável, proporcionado condições para albergar visitantes. Mas com certeza, teremos oportunidade de voltar a este assunto.
Obrigado e um abraço