Estará
Braga Assombrada?
Em primeiro lugar, endereçamos os nossos agradecimentos ao Bombeiros
que estiveram no combate aos incêndios, sobretudo aqueles que deflagraram no
passado dia 15 e que, com esforço, evitaram que a desgraça se abatesse sobre a
cidade.
Com o aproximar do dia das
bruxas, um dia tipicamente americano, acreditamos que deveríamos refletir sobre
as “assombrações” que pairam sobre a nossa cidade de Braga.
Com mais de dois mil anos de
história, a cidade foi crescendo desenfreadamente, encontrando-se
verdadeiramente amaldiçoada pelo granito e pelo cimento. Desde o século XX que
a política da cidade parece ser favorável a transformar espaços verdes em
urbanizações de betão que cresceram sem qualquer controlo, ou rigor. É certo
que o crescimento da cidade abrandou muito, também devido à crise que se fez
sentir na construção civil, mas é também certo que pouco se faz para a criação
de espaços verdes, espaços frescos onde se possa descansar. Hoje em dia, quase
todas as cidades vizinhas como Famalicão, Guimarães, Ponte de Lima e até
Chaves, têm um parque da cidade ou um jardim público de grandes dimensões. E Braga?
O que faz a política da cidade para combater esta “assombração” que pinta a
cidade em tons de cinzento?
O Parque Verde das Sete Fontes
voltou a ser bandeira de campanhas eleitorais, será que nestes quatro anos
teremos, finalmente, o tão sonhado parque? Aquele Parque da Cidade de Braga que
já está projetado, mas que teima em não sair do papel? Esperamos que os agentes
políticos da cidade se foquem em valorizar este Monumento Nacional, bem como
toda a sua envolvente e, em simultâneo, combater este que é um dos maiores e
mais antigos “fantasmas” da cidade, mas que, infelizmente não é o único.
Também a Casa das Convertidas
parece ter sido assombrada pelo esquecimento. Os anos passam e aquela casa que
preenche a esquina da Rua de S. Gonçalo com a Avenida Central não vê forma de
abrir as suas portas. Esforça-se por sobreviver ao longo dos anos, mas aquela
que já foi uma casa cheia de vida é agora um espaço fechado de memórias. O
Recolhimento das Convertidas merece ser valorizado pelo Imóvel de Interesse
Público que é, e não basta arranjar o telhado ou pintar a fachada. É importante
combater a deterioração do edifício, mas tendo sempre em vista o objetivo final
de abrir as suas portas e não de adiar a solução para este edifício. Para nós,
esta poderia ser uma excelente casa da cultura, pois se Braga ambiciona ser
Capital Europeia da Cultura em 2027 é importante começar por valorizar e
reconhecer a importância de muitos edifícios históricos da cidade.
A Fábrica Confiança é outro
edifício com grande valor histórico na cidade, que merece ser reconhecido.
Braga teve, em tempos, uma vida industrial muito ativa que foi literalmente desaparecendo
ao longo dos tempos. Sobrevivendo até aos dias de hoje, apenas o edifício da
Saboaria e Perfumaria Confiança. Muito se tem falado acerca do futuro deste
local, mas haverá futuro para o último “pedaço” de história industrial vivo na
cidade? Recentemente, o edil da cidade falou publicamente sobre a alienação da
fábrica, o mesmo que fez questão de abrir as portas do edifício em 2014, no
âmbito da comemoração dos 120º aniversário da fábrica. Será que em três anos a
Confiança perdeu o valor cultural que lhe foi reconhecido?
Para a JovemCoop está na hora de
limpar as teias da cidade, de livrar Braga destas “assombrações”, afinal quando
questionados sobre doçura ou travessura, todos escolhemos as doçuras. Aproveitamos ainda para o convidar, a
celebrar o dia 31 de Outubro, com a JovemCoop e a Braga+, na quarta edição da
Braga Assombrada, desta vez no Palácio do Raio.