21 de fevereiro de 2015

Diário da Cooperante #4

Olá amiguinhos cooperantes (:

Finalmente conheci a universidade. E é linda! A pior parte é que temos de apanhar 3 metros em linhas diferentes e demoramos 1 hora a chegar. Mas já sabemos onde é (:
Quando entramos na universidade e explicamos que eramos de Erasmus ficaram todos a olhar para nós com uma cara estranha. Nós só pensávamos o que será que se passa? Quando fomos ao gabinete internacional de Erasmus percebemos que viemos com um atraso de 3 semanas e ninguém tinha avisado a universidade que só chegaríamos agora. Tivemos de explicar que ainda tínhamos avaliações na nossa universidade de Portugal, para não nos marcarem falta e para não sairmos prejudicados.
Posto isto, escolhemos a turma que queríamos frequentar e fomos conhecer a universidade por dentro. Tem ótimas condições. É toda moderna.
As salas são muito arejadas e sentir o sol é tão bom! Nas aulas teóricas temos um portátil para cada aluno, não é um máximo? Assim podemos trabalhar de forma autónoma.
Os complexos desportivos são demais. Têm tudo e mais alguma coisa.
Esta é uma grande universidade, que me fez reflectir sobre o ensino em Portugal, e as condições do mesmo. Somos um país pequenino mas ainda com muito para crescer.
Acho que me vou adaptar bem à universidade. Estou ansiosa para começar as aulas e conhecer os meus colegas, professores, e assim poder levar novas ideias de atividades para a JovemCoop, e para a cidade de Braga. Acredito que ainda podemos fazer, muito pela nossa cidade.


Um beijinho cheio de saudades

16 de fevereiro de 2015

Diário da Cooperante #3


Olá amiguinhos cooperantes,

 Hoje, 15 de fevereiro, escrevo este texto para vos contar o meu fim-de-semana.
Sábado mal acordei, o meu primeiro pensamento foi para o coro de Guadalupe. Sentia-me muito triste por saber que era dia de ensaio e que eu não ia estar lá. Não ia cantar, não ia tocar guitarra, não ia ver os meus amigos, a minha segunda família. Que aperto tão grande que senti no coração, que vazio. Levantei-me logo para me tentar distrair e imaginem o que vesti? A camisola da JovemCoop. Assim senti- me mais perto de vocês, não me senti tão sozinha. Fui passear com a minha colega. Fomos procurar supermercados baratos e comprar o almoço. Quando regressamos a casa comecei a fazer limpeza. Imaginem só, tive de limpar a casa toda para me distrair… Na hora do almoço fui a correr buscar o avental que o coro me ofereceu, ouvi música animada, e assim tornou-se mais fácil.
A minha tarde foi passada no café, como devem calcular, a falar para Portugal. Na hora do ensaio recebi uma foto de duas amigas, da Carol e da Catarina. Fiquei tão feliz com a foto, só pensava que devia estar aí com vocês. Mas a foto ajudou-me muito, parecia que tinha estado lá. Quando olhei para o telemóvel vi uma mensagem da Fi (a chefinha do coro), a dizer o quanto era estranho eu não estar lá. Mais uma vez chorei. Chorei de saudades, mas também me senti muito apoiada pois toda a gente me manda mensagens, toda a gente me liga. Isso faz me sentir muito feliz e mais forte.
Querem saber qual foi a melhor parte do dia? Foi no final da tarde quando recebi uma chamada do coro. Eu fiquei radiante. Todos falaram comigo, todos ouviram os meus problemas, o meu choro. Eu sei que eles estão lá para mim, sempre que precisar!
Como é de esperar fiquei mais animada o resto do dia. À noite, conhecemos 3 portugueses que também estão a fazer Erasmus e são do nosso curso. Como já estão aqui há mais tempo, e como moram perto de nós prometeram ajudar. Ficamos bem mais tranquilos, sentimos que temos alguém para nos guiar.
E o meu sábado foi assim, cheio de emoções.

O domingo já foi melhor. Passeamos o dia todo. Ocupamos sempre a cabeça. Fomos ao shopping, fomos ver tarifários espanhóis para ligar para Portugal. E a noite, voltamos a ir ao café para falarmos com a nossa família e os nossos amigos.
Estou ansiosa por amanhã amiguinhos. Finalmente vou conhecer a universidade.

Amanhã dou notícias,

Beijinhos para todos

14 de fevereiro de 2015

Diário da Cooperante #2

Perdida em Valência
               

               

O primeiro dia começou logo cedinho. Tínhamos um plano traçado. De manhã íamos comprar as coisas básicas para a nossa casa, à tarde íamos à universidade e, no final, tratar do passe de metro.
                A nossa manhã foi animada. Começamos por ir a um café perto de casa tomar o pequeno-almoço. Claro que o café tinha de ter internet…Todos tínhamos de ligar para casa para relatar como foi a primeira noite na nossa casa “nova”. (Todos vocês devem ter reparado que escrevi no plural, sim, eu não vim sozinha nesta aventura… Somos 4, duas raparigas e dois rapazes.)
                Depois de falarmos um bocadinho para Portugal fomos para rua, todos entusiasmados, fazer perguntas às pessoas. Nós queríamos saber qual era o supermercado mais barato, qual era a zona onde os estudantes estão alojados, qual é o melhor sítio para passear…
                Já com as compras feitas decidimos pôr pés ao caminho e ir procurar a universidade. A nossa senhoria tinha dito que ficava no centro, então a primeira coisa que fizemos foi perguntar como íamos para o centro. Estávamos todos ansiosos por conhecer a universidade e por ver um pouco da cidade. Uma das coisas que me surpreendeu bastante foi o facto de as pessoas serem muito simpáticas. A cada passo que dava via uma coisa diferente do que estava habituada. Por exemplo, as rotundas aqui são GIGANTES, imaginem, elas são tão grandes que até têm semáforos. Eu só pensava “ainda bem que não tenho de conduzir aqui”. Outra coisa que me deixou boquiaberta foi ver que as pessoas que estacionam em segunda fila deixam os carros destravados, sabem para quê? Para as pessoas que precisarem de sair empurrarem os carros e assim já conseguem sair. A primeira vez que vi isto acontecer fiquei mesmo espantada. E as pessoas aqui? São tão diferentes umas das outras. Cada uma com o seu estilo, cada uma com seu corte de cabelo diferente. Os jovens, sobretudo, pintam muito o cabelo com cores invulgares, azul, rosa, roxo, entre outros.
                Mas o encanto de conhecer a cidade começou a apagar-se. Descobrimos que andávamos perdidos há duas horas. Tinham-nos dado informações totalmente erradas. Nós queríamos ir para centro e estávamos a ir para o lado contrário. Quando nos apercebemos da distância que já tínhamos percorrido, desistimos e fomos apanhar o metro. E mais uma vez, perdemo-nos, pois saímos na paragem errada. Mas, pouco depois demos com o centro. Quando chegamos ao centro ficamos mais animados e começamos a procurar a universidade. Voltamos a perguntar às pessoas, mas ninguém sabia onde era o polo de Desporto. Comecei a achar tudo muito estranho, ninguém, mas mesmo ninguém sabia da universidade? Como era possível? Uma universidade não passa despercebida…
                Já fartos de andar às voltas, seguimos apenas o mapa. Lá constava 3 polos no centro, e como é óbvio, fomos ao mais perto, e adotamos o sistema tentativa erro.
                Nem queiram saber o que nos aconteceu… Não era nenhum desses polos! Ninguém sabia da universidade de Desporto! Foi inacreditável! Só me apetecia chorar e desistir de tudo. Era suposto a nossa casa ser perto, era suposto ser no centro, era suposto os outros polos saberem a localização. Mas não. Ficamos totalmente confusos e perdidos. Desanimamos completamente. Estávamos exaustos e fartos de andar às voltas. Desistimos… Em seguida fomos a correr para um café com internet para tentarmos perceber o que se estava a passar. Quando conseguimos falar com uns rapazes que já tinham estudado cá, ficamos sem chão, totalmente desnorteados. A universidade fica do outro lado da cidade… Nós moramos no Norte e a universidade fica para Sul. Eu só pensava: e agora? Não podemos mudar de casa, já gastamos tanto dinheiro este mês nela! Vamos perder a fiança! Estamos feitos! O que vamos fazer?
                Depois disto só me apetecia enfiar no quarto e chorar até não poder mais. Mas nem todas as notícias foram más. A senhora do café disse-nos que de metro chegávamos lá rápido, e explicou-nos os metros, (sim os metros porque temos de trocar) que tínhamos de apanhar até lá chegar.
                Fiquei mais descansada mas mesmo assim sentia-me “apagada”.
                Animei um bocadinho quando falei com a minha mãe e com os meus amigos. Senti-me mais confiante e perto deles. Graças aos meus amigos consegui acalmar-me. Eles incentivaram-me… Eles são o meu apoio… Claro que chorei muito mas senti-me melhor.
                Por hoje foram as minhas aventuras, espero durante o fim-de-semana ter coisas mais animadas para vos contar.

Beijinhos grandes cooperantes,


P.S Não se preocupem, isto há-de melhorar J

12 de fevereiro de 2015

Diário da Cooperante #1






Olá amiguinhos cooperantes (: 

Escrevo este primeiro texto com um misto de emoções. Estou super entusiasmada por começar uma nova etapa na minha vida. O facto de ir conhecer uma cidade nova, pessoas novas com costumes diferentes deixa-me fascinada. Estou ansiosa por saber como será a universidade e os meus colegas. Será que vou gostar? Será que é como imagino? Tenho a minha cabeça a mil… E a casa? Será que está bem situada? Será uma zona calma? Será que vou sentir que pertenço lá? 
Pois… Como devem calcular estou muito nervosa. Mas eu acho que esta experiência vai ser única e vai ajudar-me a crescer imenso. Estou confiante que o Erasmus me abrirá muitas portas no futuro, quer a nível pessoal quer a nível profissional. Sinto-me muito feliz por ter esta oportunidade e por os meus pais fazerem um sacrifício por me proporcionarem algo que nunca vivenciaram. 
Mas nem tudo é tão lindo como parece. Sei que vou sentir muitas saudades de casa, das minhas coisas… Dos meus pais, do meu irmão chatinho, dos meus amigos. Como é que eu vou passar os sábados e os domingos sem o coro de Guadalupe??? Como é que eu vou conseguir estar longe da minha associação e dos seus membros?? E agora quando eu precisar de ajuda, de carinho? Já não posso chamar a minha mamy. 
 Apesar disto sei que posso contar sempre com os meus amigos e com a minha família. Pois sei que eles estarão sempre prontos para me “socorrerem”. Nem que seja a aturarem-me pelo skype (: 
Sei que este esforço de estar longe me vai ser retribuído com coisas boas. Vou sentir saudades de Braga, mas vou-me concentrar em conhecer bem Valência, uma cidade rica em história e monumentos, que me deixará cheias de ideias sobre o que ainda é possível fazer por Braga. Estou prestes a descolar mas levo-vos no meu coração. 

 Beijinhos enormes

3 de fevereiro de 2015

Crónica Juventude "Um Olhar Convertido"

"Correio do Minho" 03/02/2015


Um olhar convertido

Certamente já ouviu falar da Casa das Convertidas ou do Recolhimento de Santa Maria Madalena. Da nossa parte, este Imóvel de Interesse Público, já foi várias vezes alvo de notícias, infelizmente, nem sempre pelos melhores motivos. No entanto, hoje, a reflexão que desejamos fazer leva-nos a escrever sobre as Convertidas sobre um excelente motivo.

A Casa das Convertidas é um importante marco da Avenida Central desde 1720, e apesar de ter as suas portas abertas desde 1722 até à década de 90, muitos eram aqueles que por lá passavam e nem se apercebiam deste edifício, que tanto enriquece uma das mais famosas avenidas bracarenses. Utilizamos o pretérito imperfeito, pois quem passa hoje pelo Recolhimento dificilmente não repara na sua fachada, agora repleta de andaimes. Esses andaimes são, para nós, o cumprimento de promessas desde há muito feitas; são a prova física de que já são muitos aqueles que se preocupam com as Convertidas e o seu valor histórico. As obras que ocorrem nas Convertidas podem não ser o seu restauro completo com um destino final concreto para o edifício, mas são obras de prevenção, tentando evitar, desta forma, que o edifício se continue a degradar.

Quem visitou este Recolhimento nos últimos anos, notou um elevado estado de degradação do mesmo. Se há uns anos, nas primeiras visitas realizadas pela JovemCoop, era possível visitar o primeiro e o segundo piso, piso onde se encontram as celas/ quartos e o acesso ao coro alto da Capela, neste último ano o acesso ao segundo piso já não era permitido devido à enorme fragilidade do soalho. Os sinais de degradação eram notórios e muito devido ao mau estado do telhado que não protegia o edifício das águas pluviais. Essa acelerada degradação era também visível na capela, um belíssimo espaço da arte barroca, com um altar em talha dourada e tetos superiormente pintados.

Numa tentativa de travar o acelerado estado de degradação, estas pequenas obras de intervenção têm como principal objetivo preservar a estrutura do edifício, o que para nós já é sinal de algum avanço. Esta intervenção é, no nosso modo de ver, sinal de que muitas consciências já despertaram para o valor único deste imóvel e para a urgente necessidade de o preservar e de lhe dar vida.

Contudo, apesar deste passo em direcção à preservação, engana-se quem pensa que com esta pequena intervenção as Convertidas podem manter-se desertas por mais uns anos. É urgente a decisão de um melhor futuro para o Recolhimento de Santa Maria Madalena. Na ótica da JovemCoop, uma casa que desde 1722 viveu repleta de pessoas, inicialmente com mulheres que se queriam (re)converter e mais tarde como os utentes do lar que lá funcionou, hoje não pode ficar sem vida. Ver este Recolhimento ganhar vida é um dos grandes desejos da JovemCoop. É que, na verdade, faltar designar um programa para o interior da Casa. Se o edifício, após as intervenções no telhado e na fachada, ficar mais algumas décadas fechado, voltará a entrar numa espiral de degradação, não dignificando a sua função, nem o investimento agora efetuado. Pode a CMB assegurar, mediante protocolo ou comodato, a utilização da Casa das Convertidas, ou será uma espécie de presente envenenado para os cofres municipais? E sendo o Ministério da Administração Interna o proprietário, não deveria assegurar o futuro funcional deste monumento?

Quem sabe a Casa das Convertidas seja alvo de um projeto para o Orçamento Participativo de 2016, por exemplo, transformando-se numa Casa da Cultura, numa Pousada da Juventude, num Museu, num Centro de Artes ou num casa dedicada ao apoio à Família, etc. 

Estes são apenas alguns exemplos de um futuro promissor, que esperamos ser o da Casa das Convertidas. Até lá, manteremos o nosso estado de alerta para a preservação do Nosso Património, o património que é a imagem de um marco histórico, identidade de todos os bracarenses. Por isso, cabe-lhe também a si, caro leitor, estar atendo e salvaguardar o que é de todos.