Perdida em Valência
O
primeiro dia começou logo cedinho. Tínhamos um plano traçado. De manhã íamos
comprar as coisas básicas para a nossa casa, à tarde íamos à universidade e, no
final, tratar do passe de metro.
A nossa
manhã foi animada. Começamos por ir a um café perto de casa tomar o pequeno-almoço.
Claro que o café tinha de ter internet…Todos tínhamos de ligar para casa para
relatar como foi a primeira noite na nossa casa “nova”. (Todos vocês devem ter
reparado que escrevi no plural, sim, eu não vim sozinha nesta aventura… Somos
4, duas raparigas e dois rapazes.)
Depois
de falarmos um bocadinho para Portugal fomos para rua, todos entusiasmados,
fazer perguntas às pessoas. Nós queríamos saber qual era o supermercado mais
barato, qual era a zona onde os estudantes estão alojados, qual é o melhor
sítio para passear…
Já com
as compras feitas decidimos pôr pés ao caminho e ir procurar a universidade. A
nossa senhoria tinha dito que ficava no centro, então a primeira coisa que
fizemos foi perguntar como íamos para o centro. Estávamos todos ansiosos por
conhecer a universidade e por ver um pouco da cidade. Uma das coisas que me
surpreendeu bastante foi o facto de as pessoas serem muito simpáticas. A cada
passo que dava via uma coisa diferente do que estava habituada. Por exemplo, as
rotundas aqui são GIGANTES, imaginem, elas são tão grandes que até têm
semáforos. Eu só pensava “ainda bem que não tenho de conduzir aqui”. Outra
coisa que me deixou boquiaberta foi ver que as pessoas que estacionam em
segunda fila deixam os carros destravados, sabem para quê? Para as pessoas que
precisarem de sair empurrarem os carros e assim já conseguem sair. A primeira
vez que vi isto acontecer fiquei mesmo espantada. E as pessoas aqui? São tão
diferentes umas das outras. Cada uma com o seu estilo, cada uma com seu corte
de cabelo diferente. Os jovens, sobretudo, pintam muito o cabelo com cores
invulgares, azul, rosa, roxo, entre outros.
Mas o
encanto de conhecer a cidade começou a apagar-se. Descobrimos que andávamos
perdidos há duas horas. Tinham-nos dado informações totalmente erradas. Nós
queríamos ir para centro e estávamos a ir para o lado contrário. Quando nos
apercebemos da distância que já tínhamos percorrido, desistimos e fomos apanhar
o metro. E mais uma vez, perdemo-nos, pois saímos na paragem errada. Mas, pouco
depois demos com o centro. Quando chegamos ao centro ficamos mais animados e
começamos a procurar a universidade. Voltamos a perguntar às pessoas, mas
ninguém sabia onde era o polo de Desporto. Comecei a achar tudo muito estranho,
ninguém, mas mesmo ninguém sabia da universidade? Como era possível? Uma
universidade não passa despercebida…
Já
fartos de andar às voltas, seguimos apenas o mapa. Lá constava 3 polos no
centro, e como é óbvio, fomos ao mais perto, e adotamos o sistema tentativa
erro.
Nem
queiram saber o que nos aconteceu… Não era nenhum desses polos! Ninguém sabia
da universidade de Desporto! Foi inacreditável! Só me apetecia chorar e
desistir de tudo. Era suposto a nossa casa ser perto, era suposto ser no
centro, era suposto os outros polos saberem a localização. Mas não. Ficamos
totalmente confusos e perdidos. Desanimamos completamente. Estávamos exaustos e
fartos de andar às voltas. Desistimos… Em seguida fomos a correr para um café
com internet para tentarmos perceber o que se estava a passar. Quando
conseguimos falar com uns rapazes que já tinham estudado cá, ficamos sem chão,
totalmente desnorteados. A universidade fica do outro lado da cidade… Nós
moramos no Norte e a universidade fica para Sul. Eu só pensava: e agora? Não
podemos mudar de casa, já gastamos tanto dinheiro este mês nela! Vamos perder a
fiança! Estamos feitos! O que vamos fazer?
Depois
disto só me apetecia enfiar no quarto e chorar até não poder mais. Mas nem
todas as notícias foram más. A senhora do café disse-nos que de metro
chegávamos lá rápido, e explicou-nos os metros, (sim os metros porque temos de
trocar) que tínhamos de apanhar até lá chegar.
Fiquei
mais descansada mas mesmo assim sentia-me “apagada”.
Animei
um bocadinho quando falei com a minha mãe e com os meus amigos. Senti-me mais
confiante e perto deles. Graças aos meus amigos consegui acalmar-me. Eles incentivaram-me…
Eles são o meu apoio… Claro que chorei muito mas senti-me melhor.
Por
hoje foram as minhas aventuras, espero durante o fim-de-semana ter coisas mais
animadas para vos contar.
Beijinhos grandes cooperantes,
P.S Não se preocupem, isto há-de melhorar J
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