Apaixone-se
pelas Sete Fontes
Certamente já todos ouviram falar
sobre o Complexo Eco-Monumental das Sete Fontes, mas ainda são muitas as
pessoas que desconhecem o monumento nacional e o seu inigualável valor.
Escavações arqueológicas
realizadas no local confirmam que o antigo sistema de abastecimento de água
remonta ao tempo de Bracara Augusta, no entanto só obteve a forma que lhe
conhecemos hoje em meados do século XVIII. Durante a primeira metade desse
século, o Arcebispo de Braga D. Rodrigo de Moura Telles reconheceu naqueles
mananciais de água o seu verdadeiro valor e começou a projectar o monumento que
aquelas fontes de água potável mereciam. No entanto, foi D. José de Bragança,
Arcebispo de Braga que se seguiu a D. Rodrigo de Moura Telles, quem mandou edificar
as Sete Fontes tal como as podemos ver hoje. Este monumento de estilo barroco
começou a ser construído em 1741, terminou em 1756 e estende-se ao longo de
cerca de 3500 metros, mas as suas condutas atravessavam toda a cidade, pois
eram o único sistema de abastecimento de água que a cidade possuía.
Contudo, o Complexo
Eco-Monumental das Sete Fontes nem sempre teve o protagonismo e a valorização
que mereceu. Prova disso, foi a destruição de uma das minas para dar lugar a um
prédio. E essas pedras trabalhadas desapareceram, não havendo quem conheça o
seu paradeiro. Apesar da ocorrência de episódios menos felizes e até
“criminosos”, as Sete Fontes são hoje um símbolo vivo de consecutivas vitórias
e de muita luta. Ameaçado durante anos, este monumento viu o seu fim anunciado
com a construção do novo hospital de Braga. Com a sua área sobrevalorizada,
foram muitos os empreiteiros que desejaram possuir aqueles terrenos para
futuras construções. Ainda assim, entidades como a Junta de Freguesia de S.
Victor, a JovemCoop e os Peticionários das Sete Fontes não baixaram os braços e
lutaram realmente pela vida deste monumento, conseguindo inicialmente que o
Complexo das Sete Fontes fosse discutido na Assembleia da República e fosse, posteriormente,
considerado Monumento Nacional. Determinada a Zona Especial de Proteção e
suspenso o PDM naquela zona, houve a preocupação de estudar a possível área a
afetar ao Parque Verde, prevendo uma substancial redução da área construtiva e
proibindo a edificação no coração do monumento.
Outro momento de elevada
importância para a conservação das Sete Fontes foi o restauro das Mães D’Água
existentes e as suas envolventes, um passo dado pelo município que lhe valeu
uma menção honrosa no prémio IHRU (Instituto de Habitação e Reabilitação
Urbana). Não esquecendo também as atuais intervenções que estão a decorrer
junto da última Mãe D’Água com o objetivo de requalificar a bica pública, que
ainda abastece muitos bracarenses que lá se dirigem para ir buscar água.
Todas estas conquistas são a
prova viva de que se as pessoas se preocuparem, se as pessoas defenderem as
suas convicções, juntas conseguem mudar o rumo das coisas. As Sete Fontes tinham
um fim anunciado, mas hoje estão protegidas, restauradas e à espera de serem valorizadas
pela livre fruição humana. Apesar disso, ainda existe muito trabalho pela
frente, sendo urgente obrigar os proprietários dos terrenos envolvente ao
complexo a limparem os terrenos cobertos de mato. Torna-se imperativo gizar a
estratégia que ceda aqueles terrenos ao usufruto público para que se possa
realizar o Parque Eco-Monumental. É importante não esquecer as Sete Fontes e
continuar a lutar pelo Parque Eco-Monumental que Braga merece e pelo qual
sempre lutamos. Por esse motivo, convidamos todos a “Apaixonarem-se pelas Sete Fontes”,
no dia 14 de Fevereiro, pelas 9h15. A caminhada pelo Complexo, organizada pela
JovemCoop, com o apoio da Junta de Freguesia de S. Victor, inicia-se no Largo
da Senhora-a-Branca e tem, como finalidade, combater o anonimato daquele tesouro
bracarense e evitar que este caia no esquecimento. A cor vermelha das Mães
d’Água darão o mote para uma manhã de paixão por um sítio que se quer
romântico. Deixe-se apaixonar pelas Sete Fontes, pois juntos protegeremos
aquilo que tanto amamos.
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