À descoberta de Guadalupe
A Capela de Nossa Senhora de Guadalupe situa-se no Monte de Santa Margarida, um dos pontos mais altos do centro histórico da cidade, tendo assim uma localização de excelência. Envolta pelo Parque de Guadalupe, a capela, que hoje conhecemos, nem sempre terá sido assim, pois supõe-se que, antes de 1725, ano de construção da capela, já lá existisse um outro templo possivelmente dedicado a Santa Margarida. Contudo, Dom Rodrigo de Moura Telles, arcebispo de Braga entre 1704 e 1728, mandou substituir esse templo pela Capela de Nossa Senhora de Guadalupe, sustentando, monetariamente, a construção desde monumento ímpar na cidade.
Com formato em cruz grega, a capela encontra-se descentrada da escadaria que lhe dá acesso, supondo-se que esteja virada para a Sé de Braga. Quem visita a Capela de Guadalupe, como é tradicionalmente conhecida, pode encontrar dois altares laterais em estilo neoclássico, o da direita dedicado a S. Marçal, padroeiro dos bombeiros e o da esquerda devoto à Nossa Senhora da Piedade, ambos padroeiros das festas que em tempos foram celebradas no Parque, por toda a comunidade. Quanto ao retábulo mor sabe-se que este é da autoria de André Soares, em estilo rococó, e quem já visitou a capela conhecia-lhe os tons de talha, azul e branco. No entanto, este ano, a Irmandade de Guadalupe decidiu avançar com um projeto há muito ambicionado, promovendo o restauro da obra-prima de André Soares.
Desenganem-se aqueles que acreditavam que o restauro do altar iria consistir num “repinte” das cores com as quais já estaríamos familiarizados, pois, para grande surpresa de muitos, surgiu um “novo” altar-mor com a tão característica talha, mas agora a contrastar com um marmoreado em tons de azul, rosa e verde.
Infelizmente, o Parque e a Capela de Guadalupe não se encontram diariamente abertos ao público. É possível visitar o espaço aos domingos, a partir das 11h até às 12h30, horário no qual decorre a eucaristia. No entanto, se ficou tão curioso quanto interessado em conhecer esta obra de André Soares que se constitui como uma grande descoberta do património bracarense, aproveite para participar no Concerto de Inauguração, que decorrerá no próximo sábado, dia 17, às 21h30 na Capela. No mesmo local, irá também ser realizada, no domingo, dia 18, uma eucaristia comemorativa da inauguração do altar, com a presença do Sr. Arcebispo de Braga e de alguns sacerdotes mais familiarizados com a Capela.
É, também, de salvaguardar que Guadalupe é especial não só pelas características já referenciadas, mas também porque este é um local onde vinga a dedicação de uma comunidade consciente e altruísta que cuida do que é de todos. Foram já várias as limpezas que a JovemCoop fez ao parque, assim como as visitas guiadas ao local. Também a Junta de Freguesia de S. Victor ajuda na manutenção do parque, assim como toda a comunidade, que sempre se mostrou consciente e solidária em todos os desafios que lhe são propostos. Numa cidade que tem no património cultural um dos maiores factores turísticos, mas, acima de tudo identitários, urge em promover um estudo analítico ao estado dos nossos monumentos, constituindo um Plano de Acessos e Manutenção. É claro que há monumentos com proprietários vários, mas se o Município tiver um papel de facilitador e de concertador de diálogos, estará, então, a instituir um verdadeiro consórcio de vontades, que permitam disponibilizar, ao público, os locais mais emblemáticos de Braga.
Desta forma percebemos como é importante proceder aos bons exemplos e às boas práticas, fazendo dos governantes da cidade, mas também de todos os cidadãos, agentes com verdadeiras consciências políticas, que preservam, valorizam e protegem o património da cidade.
Junte-se às celebrações, e venha conhecer este local onde a natureza tão bem envolve o património da cidade, tornando-o tão especial em pleno centro de Braga. A JovemCoop estará presente neste que é um marco na História da Capela da Nossa Senhora de Guadalupe. Vamos à descoberta de Guadalupe?
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