A Semana Santa de Braga
Estamos a viver o tempo da Quaresma
e, sendo ou não crente e/ou religioso, esta é uma altura culturalmente rica na
nossa cidade, que se pinta de roxo.
Durante os mais de 40 dias que
separam o Carnaval da Páscoa, ocorre o Lausperene Quaresmal onde mais de 20
igrejas abrem as suas portas, mostrando o que de mais valioso e bonito podem
ter. Todas bem ornamentadas, muitas dessas igrejas só abrem as suas tribunas
neste momento do ano, o que faz com que esta seja uma oportunidade única de se
apreciar peças ímpares do nosso património.
A última semana destes quarenta
dias, é a chamada Semana Santa, e a nossa já é particularmente famosa. Como já
vem sendo hábito, o programa da Semana Santa de Braga é bastante diversificado
podendo, assim, chegar aos mais variados públicos. Uma consequência de tamanha
oferta é o aumento turístico que se sente na cidade que, especialmente nesta
época, faz jus a ser a “Roma Portuguesa”. Contudo, a semana tem como ponto alto
as 3 procissões que enchem as ruas do centro histórico nas noites de quarta,
quinta e sexta-feira.
No dia 17 de abril sai da Igreja
de S. Victor o cortejo bíblico “Vós Sereis o Meu Povo” popularmente conhecida
como “Procissão da Nossa Senhora da Burrinha”. Retomada em 1998, esta é a mais
recente das 3 procissões, e conta a história da Salvação, na qual se destaca a
fuga para Egipto, onde a imagem da Nossa Senhora vai numa burrinha, criando
assim a expressão popular da procissão da “Burrinha”.
Nos dias 18 e 19 de abril,
percorrem as ruas da cidade as procissões “Ecce Homo – Eis o Senhor” e a
Procissão do “Enterro do Senhor”. Todas estas procissões, além de serem um
ponto culturalmente marcante na semana, são também um exemplar momento da
participação dos cidadãos, começando pelos que integram as procissões, até aos
que vão ver, pela fé ou pela curiosidade, são os bracarenses, juntamente com
todas as entidades envolventes, que fazem com que estas tradições do século
XVII cheguem até aos dias de hoje.
Para além dos bracarenses, há
cada vez mais turistas que vêm conhecer de perto as tradições da Semana Santa
de Braga, o que faz com que tão importante como manter as tradições, seja
estarmos preparados e sabermos receber todas essas pessoas. Somos o segundo
“Melhor Destino Europeu de 2019” e esse título além de prestigioso é também uma
enorme responsabilidade.
A Semana Santa é um dos períodos
de grande ocupação hoteleira na cidade, que por vezes parece não conseguir
corresponder às expectativas. No entanto, é preciso realizar um plano
organizado para o crescimento hoteleiro na cidade, e não apenas permitir a
construção de edifícios hoteleiros sem ter mãos a medir, apenas por estes
incluírem o restauro de alguns edifícios centrais. É necessário ponderar
projetos e analisar todas as opções possíveis. A localização, a volumetria, o
choque paisagístico são alguns dos factores que devem ser tomados em
consideração, pois não vale tudo apenas para termos mais investimentos
hoteleiros. Afinal, se somos merecedores dos prémios é também devido à beleza
do nosso centro histórico que deve ser preservado e não apenas alterado
conforme seja conveniente. Não estamos contra o crescimento hoteleiro da cidade,
apenas esperamos que a Câmara Municipal tenha um plano organizado, e que não
valide projetos devido a uma necessidade que a cidade tem vindo a sentir.
Estamos num período de reflexão, porque não reflectir sobre este crescimento
também?
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