Dez anos depois…
Com a chegada a 2022 chega,
também, a marca do décimo aniversário depois de Braga ter sido Capital Europeia
da Juventude, no ano de 2012.
Para ajudar a recordar, lembramos
que a BragaCEJ 2012 foi um evento em grande, repleto de atividades desde a
cultura, passando pelo desporto, até ao património. Para todas as idades, para
todos os públicos, Braga abriu as suas portas e mostrou como pode ser dinâmica.
Houve um grande trabalho entre o município e as associações da cidade, assim como
as escolas. Braga foi dos bracarenses, mas o que chegou aos dias de hoje?
Na opinião da JovemCoop, existem
dois tipos de legados possíveis após tal realização: o legado material e o
imaterial.
Se pensarmos no legado material,
é imediato pensar no GNRation. Idealizado pela Braga CEJ2012, o GNRation abriu
apenas em 2013, com o objetivo de ser um espaço artístico e de divulgação das
artes digitais. Com o passar dos anos, houve a necessidade de alterar alguns
dos propósitos do edifício, que em 2021 passou a integrar a Rede de Teatros e
Cineteatros Portugueses. No entanto, tal como a JovemCoop tem vindo a defender,
este é ainda um edifício pouco desfrutado pela cidade, sendo dirigido a um
nicho demasiado específico de bracarenses, tendo perdido a transversalidade de
ser um aglutinador de associações. Defendemos sim que deve continuar com um
programa alternativo, mas que deve também ter atividades dirigidas a outros
públicos, para que mais bracarenses possam desfrutar desta estrutura municipal.
Contudo, numa realização que contou com centenas de atividades, deixar apenas
UM legado material, é reduzir a BragaCEJ2012 ao esquecimento.
Pensando, agora, no legado
imaterial, podemos considerar pouco mais do que a Noite Branca, que
infelizmente depressa foi deixando de ser uma noite de grande diversidade
cultural, passando para uma noite repleta de concertos, e com cada vez menos
representação artística. Afinal, na primeira edição, em 2012, todos os
participantes foram convidados a percorrer um caminho cultural que passava por
jardins e monumentos. A cidade pintou-se verdadeiramente de branco com a ajuda
de artistas plásticos e diversas escolas e instituições da cidade. Com o ano
2013, percebendo o capital cultural insuflado no Município de Braga, havia
sinais de prosseguir, de forma oficial, um trabalho que começou em 2012, de
forma voluntária. O Município começou a realizar o “À Descoberta de Braga”,
dando sequência aos percursos guiados e explicados que, meses antes, a
JovemCoop tinha implementado. E isso revelou-se de extrema importância ao
percebermos que ao núcleo de participantes, a cada visita se somavam mais
interessados. Contudo, o “À Descoberta de Braga” foi interrompido e perdeu-se a
sequência do conhecimento patrimonial e histórico.
E convém perceber que dez anos
depois, nem um compromisso com as políticas de Juventude ficou rubricado para o
futuro.
Percebemos, desta forma, que a
herança de Braga CEJ deveria ter sido maior, e mais proveitosa para a vida da
cidade e dos seus habitantes. Afinal, 2012 foi ano preenchido de atividades
onde foi possível verificar que, quando queremos, tudo é possível pois escolas,
associações, artistas e o município estavam interligados e a trabalhar em
conjunto, como hoje deveria continuar a acontecer.
No entanto, acreditamos que esta
reflexão é oportuna, não apenas pelos 10 anos da CEJ, mas também por Braga ser
candidata a Capital Europeia da Cultura. Hoje é fundamental refletirmos sobre a
CEJ, para que, em 2027, no caso de Braga ser a eleita, não sejam cometidos os
mesmos erros.
Muitas vezes programamos algo pensando no impacto imediato, e raramente
refletimos nas vantagens a longo prazo!
Se Braga quer ser CEC, é
fundamental que projete 2027 com um objetivo claro sobre o legado que pretende
deixar, de forma a não ser apenas um ano de atividades que dez anos depois já
ninguém se lembra. Quando consultamos a página da candidatura braga27.pt
percebemos que já existe uma estratégia para a CEC mas que, sendo aprovada pelo
júri, o dossier de candidatura terá ainda bastante tempo para ser melhorado, para
que em 2028 o capítulo “O que fica desta festa?” possa ser mais forte e
enriquecido.
Sabemos que vivemos tempos
atípicos e que foi imperativo fazer uma pausa na vida cultural, no entanto é
urgente voltar a dar vida à cidade, e mostrar que a cultura, além de ser
segura, é para todos. Acreditamos que Braga é capaz de ser CEC 2027, assim como
acreditamos que é possível que o seu legado seja exemplar, se as devidas
reflexões forem feitas. Vamos fazer da CEC muito mais que uma festa, vamos
fazer da CEC um marco na cidade e na vida de todos os bracarenses.
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