27 de julho de 2010

Diário do Património - dia 15

23 de Julho de 2010

Hoje, se quisesse, o dia no património poderia ser resumido em poucas palavras, no entanto penso que foi um dia muito especial não só para os participantes das actividades como também para os monitores e podia-se dizer que até para a comunidade em geral.

Começámos o dia com as habituais dinâmicas, sendo que a de hoje foi no fundo a continuação de uma já feita. A dinâmica consistia em cada um “publicitar-se” como amigo de forma anónima numa folha, em seguida foi exposto o que cada um fez e ordenadamente de cada 3 em 3 pessoas fomos buscando o texto que achássemos mais apelativo. Penso que a ideia no final seria descobrir quem estava por detrás do texto que cada um escolheu, mas como estava na hora de irmos embora guardamos cada um o papel que lhe calhou e a actividade ficou para finalizar num outro dia.

Saímos então da Junta da Freguesia de S. Victor em direcção às Convertidas onde se iniciou a nossa visita. Esta visita foi tão importante para todos nós pois desde que este edifício foi encerrado este sítio passou a estar inacessível, o que significa muito para nós pois devido ao seu estado, ninguém nos garante que não seremos também os últimos a lá entrar, sendo por isso uma oportunidade única para nos sentirmos ainda mais como parte da história.

Na Casa das Convertidas tivemos então a oportunidade de ver a dita “roda” onde as mães solteiras deixavam as suas crianças quando não as podiam sustentar mantendo assim o anonimato. Vimos o grande jardim interior que existe assim como a cruz em honra do bispo, um antigo sarcófago no lugar do tanque e a fonte que lá havia. Também tivemos a oportunidade de ir à capela de um valor inquestionável e o coro menor. Tudo era de uma beleza incrível.

Como não poderia deixar de ser, e também porque temos a consciência que apesar de um valor histórico indiscutível provavelmente nunca mais ninguém lá entrará ou fará alguma coisa em prol do restauro de todo aquele espaço e objectos que lá estão, fomos fazer o que nos compete, ou seja, registar e descrever o que houvesse para registar e descrever, mas com uma especial responsabilidade uma vez que, e como já referi, provavelmente poderemos ser os únicos a ver este espaço incrível não só por ser muito difícil lá entrar, mas também pelo estado de abandono em que se encontra e que mesmo se aberto noutras ocasiões continuará a degradar-se de dia para dia.

Foi sinceramente um dia inesquecível pois é um espaço que está dado como morto para muitos, mas que é muito especial pelo seu valor histórico sendo uma pena o estado em que se encontra.

Foi uma actividade muito especial e possivelmente única, para mim foi como que um baú velho que se abriu revelando um tesouro abandonado, uma vez que a fachada apesar de muito bonita, esconde as maravilhas do seu interior infelizmente fechadas e esquecidas…

Leandra

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