Hoje, a JovemCoop passou a manhã a visitar os locais das
antigas fábricas do Taxa, Pachancho, Confiança … Em algumas já não existe a
fábrica em si, mas no caso da Confiança ainda perdura o edifício.
A “era industrial” na produção de chapéus, em Braga,
inicia-se em 1851: foi nesse ano que se instalou na cidade a primeira unidade
fabril, a Fábrica Taxa, com 110 trabalhadores. Começou por uma modesta oficina,
mas depressa alcançou o estatuto de fábrica, muito embora, e durante um pequeno
lapso de tempo, ainda recorresse ao trabalho manual e isto enquanto aguardava a
chegada de novas máquinas. Mais tarde, em 1866, instala-se a Fábrica Social
Bracarense, que ficava ao fundo das Goladas, na Rua Nova de Santa Cruz. Em 1921
voltaria a nascer uma outra, “A Industrial.”, no gaveto da Rua do Taxa, já “com
modernos maquinismos” e “novos métodos mecânicos”. Em 1929, as três fábricas de
Braga “ainda produziam cerca de 4 mil chapéus por dia”.
A Fábrica Pachancho
deve a sua existência a António Gomes do Vale Peixoto. Nascido a 25 de Dezembro
de 1890 em Braga, cedo se tornou aprendiz de torneiro e fundidor. A certa
altura da sua vida vê um automóvel (acontecimento raro num país pobre e pouco
desenvolvido na altura), e essa visão fascina-o de tal forma , que irá ao longo
da sua vida construir um pequeno império empresarial em redor dos veículos
motorizados e componentes, a 20 de Outubro de 1920, funda uma pequena oficina
para fabrico de peças para automóveis, capaz de empregar 8 trabalhadores. O
fabrico de componentes para motores tais como pistões, camisas, colaças e
segmentos, entre outros produtos, são um sucesso e a firma vai aumentando o nº
de empregados e procurando instalações mais espaçosas às necessidades de uma
empresa em constante crescimento. Em 1950, a Pachancho diversifica um pouco a
sua linha de produtos e começa a construir motorizadas. Contrariamente à
maioria dos outros construtores nacionais que se serviam de motores
estrangeiros para equipar os seus modelos, a Pachancho cria o seu próprio motor
para montar nas suas motorizadas. As motorizadas Pachancho ficaram conhecidas
pela sua fiabilidade e robustez. O motor Pachancho ficou bem conotado, sendo
até usado por outros fabricantes de motorizadas como a Vilar e até levado aos
carros de fórmula 1.
A Fábrica Confiança foi uma das “últimas” a nascer desta
“era industrial” em Braga, foi fundada a
12 de Outubro de 1894 por Silva Almeida e Santos Pereira. A produção que
inicialmente se destinava exclusivamente ao fabrico de sabão Offenbach, cuja
inigualável qualidade oferece à empresa uma reputação invejável, mais tarde
alargasse à produção da saboaria e perfumaria fina em 1919 o vasto catálogo de
produtos que eram produzidos e comercializados pela Confiança incluía já
sabonetes perfumados, pós de arroz, águas-de-colónia, sabonetes medicinais,
extratos extrafinos e óleos provenientes das então colónias Portuguesas,
distribuídos por cerca de 150 marcas diferentes. Uma centena de anos depois da
sua fundação, a Confiança continua a escrever a sua história. Uma história
rica, de muitas batalhas mas cheia de conquistas. Nos dias de hoje, a
Confiança, que se continua a diferenciar pela aplicação dos seus métodos de
produção seculares e oferece um vasto leque de produtos inovadores, de grande
qualidade e adaptados às necessidades do nosso quotidiano. Uma marca que se
mantém igual a si mesma. Com vista a não se perder esta “relíquia” como as
restantes, foi criado um concurso pela Câmara Municipal de Braga para que se
possa reabilitar este já velho edifício.
Concluo por isso que a atividade industrial em Braga foi
muito importante para o desenvolvimento desta cidade percebendo o contexto
histórico em que surgiram , a demografia da própria cidade nessa época, salientando
o facto de serem empresas detidas por bracarenses, seremos obrigados a
reconhecer os papeis fundamentais que desempenharam no desenvolvimento de Braga
e o impacto na vida de uma das freguesias urbanas mais importantes do tecido
urbano.
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