retirado do "Diário do Minho" de 09/02/2011
No seguimento das notícias publicadas hoje, dia 09/02, quer pelo jornal "Diário do Minho", quer pelo jornal o "Publico", importa esclarecer alguns pontos:
-Afirma a DRCN, em comunicado, ter tomado conhecimento, em Janeiro, através do Gabinete de Arqueologia da CMB, da intenção da AGERE de proceder à intervenção na conduta que atravessa o Complexo das Sete Fontes. Embora se afirme tratar-se de uma zona remexida, a verdade é que a intervenção não se pontuou unicamente naquele local, facto que pode ser confirmado pelas marcas de rodados da máquina que lá operou e pelo remeximento de terras numa zona vasta;
- Além do mais, foi-nos atestado que não esteve lá nenhum arqueólogo da Câmara a acompanhar o serviço da AGERE, pelo que, de forma a apurar a verdade, seria conveniente que a DRCN divulgasse, publicamente, a emissão do parecer que terá formulado para a autorização desta obra, que o IGESPAR divulgasse, publicamente o pedido de autorização que a CMB formulou e a sua aprovação por este instituto. E, claro, interessa que o Gabinete de Arqueologia da CMB disponibilize, ao público, o relatório, com fotografias desta intervenção.
Se todos estes documentos existirem, então, aí sim, saberemos que os trabalhos da conduta foram devidamente autorizados e acompanhados. Para já, só podemos supor que a DRCN teve conhecimento e nada mais!
- Se a DRCN teve esse conhecimento e permitiu, ainda que temporariamente a colocação da manilha, então mal estamos servidos com quem deve assumir a gestão do nosso património, porque quando se aprova uma obra, deve prever-se a opção final e não uma temporária já com 3 semanas. Neste caso, contemplou-se uma solução temporária que simplesmente desqualifica a área. Acaso faria sentido colocar uma manilha de betão no meio da Sé de Braga ou do Mosteiro dos Jerónimos? Lá porque as Sete Fontes são uma área ao ar-livre, não significa que tenha que ter um procedimento diferente dos restantes monumentos classificados ou em vias de classificação.
Relativamente à Mina das Verdosas:
-Quando a DRCN afirma que as Minas das Verdosas "não integram o complexo monumental" e estão fora da Zona Especial de Protecção, comete uma omissão que leva a uma falsa assumpção e também um erro.
Vejamos:
1º - As duas Minas das Verdosas pertencem ao Complexo das Sete Fontes, pois a água que ali é conduzida,quando sai da "boca da mina" segue, em caleira aberta de meia cana, até à Mãe de Água do Dr. Alvim1, ou seja, as Minas das Verdosas estão interligadas com o coração do Complexo das Sete Fontes. Agora, se a DRCN afirma o contrário, das duas uma, ou desconhecia este facto (parece-nos pouco provável) ou então quererá dizer que as Minas não pertencem às Sete Fontes como Monumento. Também aqui há ilações a tirar. Como já temos vindo a referir, as Minas das Verdosas não integraram o processo classificativo das Sete Fontes, porque o técnico responsável pelo levantamento da área não as descobriu. A Junta de Freguesia de S. Victor atempadamente solicitou a inclusão destas duas Minas no processo. Nunca obteve resposta ofical sobre este assunto. É uma negligência que custa caro às Sete Fontes. Se hoje não são "monumento" integrante do processo das Sete Fontes, a culpa não é dos cidadãos, é do Instituto da tutela. Agora, dizer que não pertencem ao sistema hisdráulico das Sete Fontes, isso é que não aceitamos...e provamos com elementos.
Vejam estas duas fotografias.
A primeira é o vestígio da caleira exterior, que sai da Mina das Verdosas 2 e que vai de ao encontro da Mãe de Água do Dr. Alvim1.
A segunda foto é dentro da Mãe de Água do Dr.Alvim 1 e a caleira que está seca é, precisamente, a que vem da Mina das Verdosas 2, cuja água actualmente se perde a meia encosta - por isso está seca.
Contra factos, suspeitamos nós, que não deve haver argumentos.
2º - As Minas das Verdosas podem não estar dentro da Zona Geral de Protecção, precisamente porque não foram consideradas integrantes das Sete Fontes como Monumento. Mas, na proposta do IGESPAR/Ministério da Cultura, elas estão dentro da área da Zona Especial de Protecção elaborada por estas entidades. Contudo, como esta ZEP ainda não foi aprovada (está para aprovação há quase dois anos), a lei do património em bens classificados não atinge estas Minas. Mas deixamos aqui a imagem da ZEP proposta, que consta no site do IGESPAR e verifiquem se as Minas estão ou não dentro da Zona Especial de Protecção.
Se a DRCN diz que a Mina das Verdosas 1 vai ser conservada integralmente depois de escavação, registo e conservação da galeria que fica debaixo do aterro da estrada, então porque é que o procedimento na Mina das Verdosas 2 não foi igual? Não teria sido possivel escavar, registar e preservar a galeria?
E que não diga a DRCN que a Mina das Verdosas 2 não foi destruída e que vão prolongar o canal e trasladar a "boca da mina", porque isto é uma meia verdade.
A Mina das Verdosas é composta por "boca" e galeria. A "boca" foi desmontada e a galeria foi destruída.
A "boca" será remontada, a galeria não, pelo menos não na total extensão que foi desmontada. Porque segundo se percebe no local, a "boca" vai ser remontada, mas não vai existir a galeria, pois a condução de água será encanada por tubos recentes. Onde estava a galeria vai ficar preenchido por terra...afinal, é um aterro!
Se isto não for verdade, então quer dizer que nos asseguram que quando a Mina estiver remontada poderemos caminhar pela galeria adentro? Se sim, é firmar já este compromisso!!!
Acreditamos que a equipa de arqueologia presente em obra está a fazer o melhor trabalho possivel e à equipa nada apontamos. Apontamos sim, à DRCN e ao IGESPAR uma ineficácia de acompanhamento e um estranho discernimento na avaliação dos processos.
N.B. - e porque é que a DRCN não aproveitou o comunicado para explicar o que se passou com a Mina dos Órfãos?