3 de março de 2010
Casa das Convertidas – uma sugestão para a sua reformulação
A Casa/Recolhimento das Convertidas é um edifício do Séc. XVIII, mandado construir pelo arcebispo D. Rodrigo Moura Teles, como um equipamento de apoio social e que funcionou até há cerca de duas décadas.
O edifício, de singular arquitectura, situa-se no centro da Cidade de Braga e é propriedade do Governo Civil.
Após a saída das últimas utentes, a Casa ficou vazia, totalmente votada a abandono. Sinais desse desamparo são as constantes derrocadas do estuque das paredes, as portas grafitadas ou com cartazes colados, a selva que cresce desordenadamente no jardim e a ausência da presença humana.
Ontem, ao fim da tarde, a Casa das Convertidas voltou a encher-se de luz. Da Avenida Central era possível ver um bonito edifício que parecia ter ganho vida. A luz que emanava do seu interior conferia-lhe brilho e parecia iluminar a envolvente, relegando para o esquecimento a degradação daquele imóvel e a desertificação nocturna daquela área.
Após termos assistido a isto, há dois factos que devem ser tomados em conta:
1 – O caso de termos solicitado ao Sr. Governador Civil, a 12 de Julho de 2009, autorização para visitar o interior da Casa das Convertidas, no âmbito da actividade de Verão “O Nosso Património”. Infelizmente, até hoje, não obtivemos qualquer resposta, contudo, por razões que desconhecemos as portas ontem voltaram-se a abrir para alguém. Ficamos felizes por quem teve a oportunidade que a nós nos foi negada pelo silêncio;
2 – Olhando para aquele imóvel, para a sua arquitectura, para a sua história e para a sua localização, parece-nos que tem as condições para albergar uma estrutura para a cidade. Requalificar e criar condições para ali nascer um Museu da História da Cidade de Braga (que não existe), ou a Casa da Juventude que tanto é reclamada por várias associações juvenis, parecem-nos ideias com qualidade para a cidade. Ou mesmo se para ali se deslocasse o Centro Interpretativo de Braga, ou um Centro Interpretativo de uma das actividades industriais que Braga foi perdendo faz-nos acreditar que aquele imóvel teria a dignidade que lhe é merecida, bem como conferiria à cidade mais um espaço cultural.
Lembramos que além do edifício em si, o mesmo possui um pátio interior e um jardim exterior, de dimensões razoáveis, que poderia servir actividades variadas.
Seria confortante que naquele topo da Av. Central houvesse uma estrutura apelativa e dinâmica, capaz de atrair pessoas e públicos, para que incentivasse a recuperação das habitações contíguas, também abandonadas, e que contribuísse para a ocupação populacional do Centro Histórico. Aquele edifício, só por si, com um cunhal entre a Av. Central e a Rua de S. Gonçalo, poderia dinamizar uma zona que tendencialmente é deserta e escura à noite.
E, além do mais, estaríamos a conferir nobreza ao edifício, estaríamos a respeitar a obra passada e de gente ilustre e a conceder dignidade a um património que se quer erguido por muitos mais séculos.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário