22 de março de 2010

Limpar Portugal - reflexão



Numa meritosa iniciativa, milhares de pessoas juntaram-se para “Limpar Portugal”. Segundo os dados aferidos, só no distrito de Braga cerca de 10.000 voluntários terão recolhido um montante assustador de lixo…à volta de 500 toneladas.

Ao assistir a tais impressionantes números, urge fazer uma reflexão:

1 – Graças ao dinamismo de pessoas individuais e colectivas foi possível identificar e “solucionar” zonas de lixeira e resíduos acumulados. É louvável como se conseguiu juntar tanta gente em torno desta causa, onde a nossa sociedade e cidade ficam a ganhar.

Afinal, quando é por uma boa causa, a sociedade não é apática e sabe pôr “mãos à obra”. Agradecemos a todos os quanto limparam Portugal, porque ficamos com o país mais limpo e a nossa cidade ficou liberta de vários focos de poluição.

2 – Agora que Portugal ficou mais limpo, quais serão as consequências disso? Será que ficamos todos mais sensibilizados para não voltar a sujar ou para não depositar lixo ilegalmente? Acreditamos que o compromisso do Limpar Portugal devia ter outro tratamento por parte de quem tem responsabilidades governativas (seja local, seja a nível nacional). Porque se houve gente disposta a limpar o que outros sujaram, importa pois, perceber que não se limpou apenas papéis espalhados ou latas de refrigerante abandonadas. Das 500 toneladas de lixo, a maior parte provem de resíduos de construção, electrodomésticos abandonados ou mobiliário apodrecido (vimos as frequentes imagens de frigoríficos, fogões, sofás e colchões largados na natureza ou espaços públicos). Os municípios têm equipas de fiscalizações e coimas para aplicar a quem abandona resíduos e outros equipamentos. Se há lixeiras, muito se deve à inoperância de quem compactua com estas ilegalidades, pois se actuassem no devido tempo não havia (tantas) lixeiras. E se aplicassem as coimas devidas, de certeza que os prevaricadores perderiam a vontade de insistir em actos repetidos.

E este compromisso deveria ter sido firmado com os voluntários da iniciativa “Limpar Portugal”: “Hoje limpam, mas a partir de agora as fiscalizações serão mais pró-activas e penalizarão quem perturbar a limpeza e higiene conseguida pelo esforço dos voluntários”. Como dizia um voluntário ontem numa entrevista à televisão “oxalá nunca mais seja preciso Limpar Portugal”. Acreditamos que isto seria possível se se continuar a apostar na sensibilização e se aprofundar a fiscalização.

3 – Na JovemCoop há já alguns anos que promovemos, com alguma frequência, iniciativas de limpeza em determinados sítios que nos parecem demasiado poluídos. Recordamos a actividade “AmbiEste” onde foi possível limpar um troço do leito e margens do Rio Este. Lá encontramos demasiados detritos e resíduos poluentes, desde sacos de lixo, a papeleira, seringas e afins…Mas o mais decepcionante não foi ver como o Rio Este se tornou o “esgoto da cidade”. O nosso lamento foi, após terminados 15 dias de limpeza, ver que algumas pessoas não tiveram respeito pelo rio, nem pelo nosso trabalho, e voltaram a suja-lo. Por isso defendemos mais recursos humanos, mais fiscalização, mais assertividade na defesa dos interesses da nossa sociedade. Afinal, se todos tivermos respeito pelo nosso semelhante, não só não sujaremos, como não deixaremos sujar e sensibilizaremos para evitar que haja motivos para voltar a “Limpar Portugal”!

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