11 de fevereiro de 2010

Decifrado genoma de pessoa morta há quatro mil anos


"Trabalho na 'Nature' é o primeiro que desvenda a quase totalidade do ADN de alguém falecido há muito.
Chamaram-lhe Inuk, que significa ser humano na actual língua da Gronelândia. Inuk, que era moreno, tinha olhos castanhos e tendência para a calvície, foi um dos primeiros povoadores daquela região, há mais de quatro mil anos, mas agora regressou dos mortos para contar uma história de pioneirismo e de migrações milenares, graças à genética. Bastou um tufo de cabelos que estava num museu. A partir dele foi possível reconstituir pela primeira vez o genoma quase completo de uma pessoa morta há muito. Esta é também a história de um feito pioneiro da ciência.

No caso de Inuk, os investigadores conseguiram decifrar o astronómico número de três mil milhões de pares de bases (blocos químicos mais elementares) do seu ADN. Para esse êxito, explicaram os investigadores, contou também "o estado de excelente conservação do ADN" devido ao permafrost (solo gelado) no qual se manteve preservado.

Quanto a Inuk, a sua informação genética mostra que ele tinha o grupo sanguíneo A positivo e que pertenceu ao primeiro povo povoador da Gronelândia, os saqqaq, que migraram para aquelas paragens há cerca de seis mil anos, vindos da Sibéria. Ainda é com os actuais povos siberianos que Inuk mais se parece, e não com os actuais esquimós."


Ainda que centrado na importância da ciência genética, este artigo mostra um rosto do passado, que nos ilucida das dificuldades que o Homem antigo teve para cruzar territórios e procurar um local onde constituir onde constituir o seu habitat.

À luz destas revelações, além do óbvio avanço da investigação genética, não deixa de ser curioso como o Homem venceu os seus obstáculos em prol das suas necessidades. Este conhecimento do passado permite-nos traçar linhas para o futuro, tentando entender o presente. E deve ser assim em qualquer altura, sob qualquer circunstância. Pararmos e pensarmos, baseados nos eventos passados, sobre o que é o nosso presente e o que queremos do nosso futuro.

E, por isso, as nossas heranças culturais assumem um papel de destaque, pois nelas jazem vários segredos. Muitas vezes olhamos para o antigo com desdém, e muita gente amaldiçoa possuir património que parece ser um entrave para o desenvolvimento futuro. Mas quem sabe se esse bem cultural não está à espera de ser melhor estudado e potenciar uma investigação de resultados esclarecidos?

O nosso apelo é dar o benefício da dúvida antes de se optar por destruir!

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