retirado do "Diário do Minho" de 09/10/10
Nos últimos anos, sobretudo por acção e alerta da Junta de Freguesia de S. Victor, cresceu uma enorme preocupação com o futuro do Complexo das Sete Fontes, Braga.
Desde o início deste ano que circulou na internet e em papel uma petição para defender as Sete Fontes, criada por um conjunto de cidadãos preocupados com a área da natureza, do património e, talvez mais importante que tudo, com a qualidade de vida dos bracarenses.
As Sete Fontes foram propostas a Classificação como Monumento no ano de 1995 pela ASPA e, em 2003, o Ministério da Cultura deu sinais de acolher esta proposta, promovendo a homologação deste sítio como Monumento Nacional...mas desde aí, as Sete Fontes nunca mais conheceram uma verdadeira postura proteccionista e orgulhosa do seu passado. Ao faltar publicar em Diário da República esta homologação como Monumento Nacional, basicamente faltava confirmar esta vontade e os perigos de desaparecimento (por vários acções e efeitos) mantinha-se.
As Sete Fontes foram dadas a conhecer a inúmeros Bracarenses e visitantes...o conjunto de cidadãos, incansavelmente promoveu visitas, passeios, piqueniques e andou pelas ruas a colher assinaturas.
A Junta de Freguesia de S. Victor e a JovemCoop serviram de agentes de fiscalziação, agindo e denunciando sempre que surgiam ameaças nas Sete Fontes. Algumas foram travadas, outras ainda estão a ser formuladas com um ar mais simpático.
E o Ministério da Cultura, por iniativa nada fez, reagindo apenas aquando das denúncias.
Aquele local das Sete Fontes, além de ter sido contemplado com o Novo Hospital de Braga, tinha em projecto urbanístico da Cânara Municipal de Braga ser esventrado por estradas e privilegiar construções em altura e densidade. As Sete Fontes estariam "em corredor da morte".
A petição com quase seis mil assinaturas foi entregue na Assembleia e logo colheu a postura simpática do Sr. Presidente da Assembleia, Dr. Jaime Gama, também ele confesso admirador da História e interveniente na defesa do Aqueduto das Águas Livres.
Todos os partidos se pronunciaram e discutiram o valoroso teor da petição. No passado dia 08/10 esses mesmos partidos votaram a petição e os projectos de resolução do CDS/PP e do BE e, por unanimidade, saiu a brilhante recomendação...
Exortar o Governo a publicar, em Diário da República, as Sete Fontes como Monumento Nacional, conferindo-lhe uma Zona Especial de Protecção e promovendo acções de conservação, valorização e restauro das estruturas, bem como proibir ou minimizar as construções naquela zona.
E assim, se o Governo reconhecer estas resoluções e as puser em prática, e se ainda a CMB assumir também ela estas recomendações e organizar um bom plano de pormenor para o Complexo das Sete Fontes e áreas adjacentes, então...
a petição é um instrumento de cidadania activa, com voz e mérito próprio, de inconformados que não assistem à delapidação ou a más decisões sentados, à espera que obra divina intervenha e resolva.
A petição, nomeadamente esta das Sete Fontes, é um sinal...de que Braga pode estar a acordar de uma letargia e começar a opinar e a dar indicações daquilo que necessita.
Por isso, não sabemos qual será o futuro do Complexo das Sete Fontes, mas certo é que continuaremos a debater para a sua manutenção e conservação.
Não sabemos qual será o futuro de Braga, mas ontem deu-se um dia histórico para a fundamentação das necessidades dos Bracarenses, por isso, os nosso agradecimentos a quem se juntou a uma causa nobre e promoveu o direito à cidadania.
Sem comentários:
Enviar um comentário