28 de junho de 2011

A qualidade da água e o manancial desaproveitado das Sete Fontes

"Diário do Minho" de 28/06/2011

A Universidade do Minho acolheu o primeiro de vários encontros regionais destinados a abordar a questão da água. Realizados pela Administração da Região Hidrográfica do Norte, estipularam-se metas e apresentou-se um panorama ainda débil sobre a qualidade das massas de águas, sobretudo em alguns pontos dos cursos do Ave, Leça e Cávado - estas últimas são as mesmas que, à partida, abastecem a Cidade de Braga.

Não deixa de ser interessante como se fala, com preocupação da água e se relega para o esquecimento o manancial potável das águas das Sete Fontes.

Estas águas, que estão a ser subaproveitadas, por falta de vontade ou estratégia, poderiam ser um plano de recurso para quando houvesse algum problema com as águas que abastecem os cidadãos bracarenses; mas podiam servir ainda para abastecer fontanários públicos que servissem gratuitamente a população sedenta. Afinal, qual a cidade europeia que não tem fontanários e bebedouros públicos - em Roma, cidade antiga, vê-se na actualidade as águas das colinas envolvente à cidade a abastecer os fontanários e a servir cidadãos e turistas...e a qualidade da água deles nem é tão boa como a nossa.

Porque não conduzir as águas das Sete Fontes para fontanários públicos que neste momento são meras peças decorativas, porque não tendo água, perderam a sua função?

Porque não dar água aos fontanários que estão secos...lembramos o fontanário que se encontra na parede perto das escadas de acesso à Igreja de S. Vicente, o fontanário da Rua D. Pedro V, o fontanário que hoje se situa junto das Habitações Económicas da Avenida João XXI (do outro lado da Escola Secundária Carlos Amarante), o Chafariz que se encontra na parede lateral da Igreja do Pópulo ( que outrora recebia água das Sete Fontes, quando a sua localização era na Rua Infantaria 8), e o que se encontra no Muro da Capela de S. Sebastião das Carvalheiras (este deslocado das imediações da antiga Igreja de S. Lázaro)?

E o fontanário do Campo Novo (Praça Mouzinho de Albuquerque) que ora recebe água, ora pinga ou está seco? Na atitude cobarde ou preguiçosa, prontamente colocou-se lá uma tabuleta a dizer "Água Imprópria para Consumo". Se, de facto o é, de quem é a culpa? Quem pode rectificar a situação? Porque a Água que de vez em quando abastece o fontanário vem das Sete Fontes e essa, sabemos por análises feitas pela Junta de Freguesia de S. Victor que nasce límpida e potável.

Para reflexão...quando se fala em qualidade de vida e estratégia e ambiente urbano, também se fala de pequenas coisas que melhoram a  nossa vivência na cidade. Chafarizes com água são excelentes para quebrar o ruído da cidade, o tom poluente dos pós cinzentos e a paisagem monótona de uma cidade sem espaços verdes. A água melhora a qualidade de vida dos cidadãos porque também pode ser um elemento para refrescar nos dias de calor e saciar a sede ao transeunte. Pensar na qualidade da água e garantir que não se perde, mas antes que cumpre uma função, é sinónimo de pensar a cidade e os cidadãos. Isso é serviço público.

Agora, se não se aproveitam as águas das Sete Fontes para devolver a função aos fontanários e chafarizes, das duas uma...ou os nossos agentes políticos não bebem água; ou quem pensa a cidade não pensa nos cidadãos, porque parece haver uma política sombria, por parte da entidade que gere e faz a manutenção das águas de Braga, para retirar a água livre dos chafarizes e substituí-la por água que passa em contadores...pode a Autarquia onerar-se a si própria?

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