"Correio do Minho" 22/01/2013
Santos da casa não fazem milagres
Hoje é dia de S.Vicente, personagem da Igreja Católica,
martirizado no Séc. IV aquando das Grandes Perseguições, instituídas pelo
Imperador Diocleciano.
A festa de S.Vicente conheceu o seu “ponto alto” na noite
passada, com o ritual das “fogueirinhas”, tradição que leva muitas pessoas à
Igreja (a venerar o Santo e pedindo protecção, sobretudo para as crianças,
contra a varíola), mas também ao adro da mesma, para momentos de convívio.
Aferimos, com preocupação, a necessidade expressa pela
Irmandade de S.Vicente em proceder a obras de conservação do interior,
lembrando que o edificado deste tesouro do barroco, monumento de interesse
público desde 1986, se encontra bastante degradado.
No passado dia 20 celebrou-se, também, o dia de S. Sebastião.
A História diz que este homem teria sido soldado romano e que era amigo dos
cristãos. Por ser demasiado benevolente, o Imperador tê-lo-á condenado à morte,
por disparo de flechas. Na modesta capela de S. Sebastião das Carvalheiras,
mandada erigir, no presumível local onde se situava o Forum de Bracara Augusta,
pelo arcebispo D. Rodrigo Moura Telles, encontra-se um rolo de cera, com o
comprimento da antiga muralha medieval de Braga, que seria aceso sempre que
houvesse sinais de fome, de guerra ou de peste. S. Sebastião das Carvalheiras é
um templo pleno de história, de singular arquitectura e decorado com azulejos e
pinturas. Também este templo apresenta evidentes sinais de degradação. A Irmandade
afirma que precisa de ajuda para recuperar o templo e, se possível, envolver os
jovens nesta missão.
Também no Domingo, pela iniciativa do jovem bracarense
Leonardo Rodrigues, um grupo de cidadãos teve a oportunidade de visitar o
recolhimento de Santa Maria Madalena, mais conhecido como a Casa das
Convertidas. Durante esta visita foi possível observar o abandono do local, a
degradação e o avançado estado de ruína de algumas divisões da Casa. Leonardo
Rodrigues, por vontade própria e assumindo uma missão de cidadania, solicitou a
visita, insistiu e persistiu até que os serviços do Ministério da Administração
Interna autorizassem a visita, partilhando com os visitantes um pouco da
história do local.
As Grandiosas Festas em Honra de N.ª Sr.ª da Piedade e S.
Marçal, expressão popular que desapareceu nos finais da década de 70 do século
passado, foram reeditadas em 2008, dando alguma visibilidade à Capela e ao
Parque de Guadalupe. Tem-se assistido, desde então, a uma vontade crescente de
dinamizar aquele espaço verde, tornando-o fruível para a cidade.
Em suma, muitas Igrejas e Capelas (bem como outros
monumentos), fazem parte do nosso património e da nossa História, mas
encontram-se com enormes carências financeiras, sendo incapazes de socorrer as
mais prementes necessidades estruturais. Não podemos confiar na providência
divina para arranjar uma solução, pois o que é obra do Homem, deve ser o Homem
a dar garante da sua subsistência. O exemplo do Leonardo e da renovada comissão
de festas de Guadalupe deve ser exemplo que prolifere como acto de cidadania,
fazendo dos cidadãos os agentes proactivos da mudança para uma construção
sustentada, defendendo e valorizando a nossa identidade. E aqui, a Igreja deve
ser o “Bom Pastor” e auxiliar, dentro das suas possibilidades, o seu rebanho a
edificar a obra. Mas deve, ainda, a Câmara Municipal participar no bom zelo do
seu património, constituindo uma Carta do Património, identificando os riscos e
prevendo medidas de valorização.
E porque se fala da importância das pessoas, hoje, dia 22,
uma boa e de longa data amiga cumpre uma data festiva, celebrando mais um
aniversário de vida. À minha amiga Mara, apoiante e conselheira, muitos
parabéns.
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